Juros do consignado privado aumentam e concessões caem em junho, aponta Banco Central

A taxa média de juros do crédito consignado privado subiu para 56,3% ao ano em junho, conforme dados do Banco Central. Essa alta de 0,7 ponto percentual em relação a maio ocorre em um cenário onde a concessão de novos empréstimos caiu 16,2%, totalizando R$ 2,59 bilhões liberados no mês.

O aumento nos juros é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores CLT, que, desde março, têm acesso a uma nova modalidade de crédito com taxas inicialmente em torno de 40%. Apesar da queda nas concessões, o volume total de crédito consignado aumentou 43,1% em um ano, com um saldo que subiu de R$ 45,27 bilhões para R$ 46,44 bilhões entre maio e junho.

Insatisfação do Governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou insatisfação com os juros elevados e solicitou um diagnóstico ao Ministério da Fazenda para buscar alternativas que reduzam o custo do crédito. A implementação da portabilidade interbancária, que permite ao trabalhador trocar de instituição financeira, ainda não trouxe os resultados esperados.

Desde 6 de junho, todas as operações podem ser realizadas pela Carteira de Trabalho Digital. A expectativa é que a introdução da garantia pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) até o final de julho contribua para a redução dos juros. Essa nova linha de crédito permite o uso de até 10% do saldo do FGTS como garantia.

Mudanças no Mercado

A nova modalidade de crédito tem promovido uma mudança estrutural no mercado, oferecendo opções mais seguras e acessíveis para os trabalhadores. Dados de uma pesquisa do Datafolha indicam que quase um terço dos brasileiros com carteira assinada ou aposentados possui empréstimo consignado, com maior incidência entre os menos escolarizados e os mais velhos.

A equipe econômica do governo avalia que, apesar da queda nas concessões em junho, o novo modelo de crédito consignado representa um avanço significativo, com um crescimento de 104,3% no trimestre. A implementação de regras mais flexíveis e a possibilidade de migração de contratos existentes são vistas como passos importantes para melhorar o acesso ao crédito.