Consórcio de imóveis cresce enquanto financiamento enfrenta queda em junho

Os consórcios de imóveis no Brasil experimentaram um crescimento notável de 40,8% entre janeiro e junho de 2025, com mais de 590 mil adesões registradas, segundo a Associação Brasileira das Administradoras de Consórcio (Abac). Em contraste, os financiamentos imobiliários caíram 10,4%, totalizando R$ 73,6 bilhões no mesmo período, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Essa mudança reflete uma nova preferência dos consumidores em um cenário de juros elevados.

A adesão a consórcios representa 23,8% dos imóveis financiados, um aumento significativo em relação aos 19,1% do ano anterior. Essa tendência é impulsionada pela dificuldade de acesso ao crédito, com bancos exigindo entradas maiores e taxas de juros que variam entre 11,29% e 13,50% ao ano. Robinson Assis, especialista em consórcios, destaca que a alta nas taxas leva os consumidores a buscar alternativas que demandem menos desembolso financeiro.

Fatores que Impulsionam a Mudança

Além das taxas de juros, a familiaridade dos brasileiros com o pagamento de boletos mensais e a necessidade de um planejamento financeiro claro têm contribuído para o aumento da popularidade dos consórcios. Jeff Patzlaff, planejador financeiro, observa que essa modalidade permite que os consumidores saibam exatamente para que estão economizando, como a compra de um imóvel.

Embora as parcelas dos consórcios não sejam impactadas diretamente pelos juros, elas são corrigidas pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que atualmente está em 7,19%. Isso significa que, mesmo sem juros, o valor das parcelas pode aumentar anualmente, o que deve ser considerado pelos consumidores.

O crescimento dos consórcios não é uma novidade. Um estudo do Banco Central revelou que o segmento de imóveis teve um aumento de 30% nas cotas vendidas, totalizando quase 1 milhão de cotas. Os recursos do sistema de consórcios também cresceram 20,6% em 2024, atingindo R$ 121,8 bilhões. Essa dinâmica mostra que, em tempos de juros altos, os brasileiros estão cada vez mais optando por consórcios como uma alternativa viável para a aquisição de imóveis.