Empresários brasileiros enfrentam desafios com tarifas elevadas de Trump
Tarifa de 50% dos EUA compromete exportações brasileiras e pode reduzir PIB em R$ 25,8 bilhões, afetando setores estratégicos e investimentos

Bandeira dos EUA e empresário (economia, dinheiro, negócios, finanças, crise, sucesso, desvalorização, inflação) (Foto: Javier Ghersi/Getty Images)
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Os empresários brasileiros enfrentam um novo desafio com a imposição de tarifas de 50% sobre produtos exportados para os Estados Unidos. A medida impacta diretamente a competitividade de setores como pescados, cosméticos e café, levando empresas a repensar suas operações. Ricardo Cavalieri, presidente da Master Mares, destaca que 40% do faturamento da empresa, que alcançou R$ 60 milhões em 2024, vinha das exportações para os EUA. Com a nova tarifa, Cavalieri afirma que “a conta não fecha mais” e que a continuidade das exportações se torna inviável.
Além do tarifaço, o setor de pescados já enfrenta dificuldades com o fechamento do mercado europeu devido a normas sanitárias. Cavalieri menciona que, apesar das embarcações terem cumprido as exigências, a falta de certificação pelo governo federal impede a exportação para a Europa há oito anos. Com a combinação de tarifas altas e mercados fechados, a situação se torna crítica, e a Ásia aproveita a fragilidade do setor, impondo preços desfavoráveis.
Impactos Econômicos
O tarifaço afeta 35,9% do volume total de mercadorias enviadas aos EUA, representando cerca de 4% das exportações brasileiras. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) estima que a medida pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em R$ 25,8 bilhões no curto prazo, com prejuízos que podem chegar a R$ 110 bilhões a longo prazo. Setores como o florestal e o de carne bovina estão entre os mais prejudicados.
Victor Moraes, CEO da BR Work, relata que mais de R$ 30 milhões em projetos foram congelados devido à incerteza econômica. A empresa, que planejava um crescimento de 30% em 2025, agora busca apenas manter o desempenho de 2024, que foi de R$ 50 milhões. Moraes alerta que a tarifa, somada a juros altos e crise no varejo, desacelera a área industrial, tradicionalmente um porto seguro.
Mudanças no Setor de Cosméticos
A fundadora da Aegisderma, Cleo Pillon, anunciou o encerramento da produção de cosméticos no Brasil devido à alta carga tributária e à nova tarifa. A marca migrará sua produção para os EUA, buscando manter a competitividade no mercado externo. Celina Bredemann, da Araras Coffee, também sente os efeitos do tarifaço, com o aumento dos preços de produtos brasileiros em sua cafeteria em Nova Iorque, o que pode afastar clientes.
O advogado tributarista Bruno Medeiros Durão enfatiza que o tarifaço exige uma resposta coordenada entre o governo e o setor privado. Ele sugere que o Brasil deve buscar incentivos fiscais e uma política comercial firme com novos parceiros, além de considerar ações na Organização Mundial do Comércio (OMC). A situação atual demanda uma estratégia diplomática para mitigar os impactos da tarifa e garantir a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional.
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