21 de jul 2025
IA pode comprometer diversidade e humanização em processos seletivos
Pesquisa da USP alerta para riscos da inteligência artificial na seleção de candidatos, como discriminação e desumanização, e pede supervisão humana.

Uma mulher interage com uma tela virtual transparente contendo fotos de várias pessoas. As pessoas nas fotos têm aparência corporativa, como se fossem membros de uma equipe ou candidatos, enquanto ela no centro está selecionando uma dessas pessoas, sugerindo um processo de recrutamento. (Foto: USP Imagens)
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A adoção da inteligência artificial (IA) em processos de contratação tem gerado debates sobre seus impactos. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) revelou que, apesar de benefícios como agilidade e redução de custos, a IA pode resultar em discriminação e desumanização no recrutamento.
O estudo, conduzido por Humberta Silva, destaca que a IA não é neutra e pode reproduzir vieses algorítmicos. Isso ocorre devido à programação e aos dados que alimentam os sistemas, levando à exclusão de grupos historicamente marginalizados. A pesquisadora enfatiza a necessidade de supervisão humana e formação específica para profissionais de recursos humanos (RH), a fim de mitigar esses riscos.
Consequências da IA na Seleção
Os efeitos da IA vão além da seleção de candidatos. A pesquisa aponta que recrutadores podem se sentir inseguros em suas habilidades, tornando-se meros supervisores de sistemas automatizados. Isso gera uma relação mecânica com o processo seletivo, prejudicando a análise das capacidades subjetivas dos candidatos.
Além disso, a pesquisa identificou barreiras culturais e linguísticas, especialmente em empresas globais. Candidatos sem acesso à tecnologia ou que não dominam a linguagem esperada pelos sistemas automatizados enfrentam desvantagens. Humberta Silva alerta que critérios ocultos, como proximidade do local de trabalho e formação acadêmica, podem excluir candidatos de maneira sutil.
Recomendações para um Uso Ético da IA
Para garantir um uso ético da IA, a pesquisa sugere que os sistemas sejam desenvolvidos com a participação de profissionais de RH. Liliana Vasconcellos, professora da USP, destaca a importância de capacitar esses profissionais para que possam utilizar a tecnologia de forma ética e eficiente. A formação deve incluir a identificação de limitações da IA e a realização de auditorias regulares.
A pesquisa também propõe a prática de testes para verificar correlações problemáticas entre critérios de seleção e variáveis como raça e gênero. Humberta Silva defende que a transparência e a regulação são essenciais para evitar a reprodução de desigualdades estruturais. A pesquisa foi defendida em abril e deverá ser disponibilizada no Banco de Teses da USP.
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