16 de jul 2025
Itália planeja soltar 10 mil presos para combater superlotação nas prisões
Governo italiano planeja liberar 10 mil presos para aliviar superlotação, mas mantém penas severas para crimes graves.

Policiais italianos em frente à prisão de San Vittore, enquanto se vê atrás os detidos protestando no telhado da prisão em Milão (Itália), em 2020. (Foto: EFE)
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A Itália enfrenta uma crise de superlotação em seu sistema penitenciário, com uma taxa de ocupação de 122%, o que resulta em condições insalubres e um aumento alarmante nos casos de suicídio entre os detentos. Para enfrentar essa situação, o governo da primeira-ministra Giorgia Meloni anunciou a liberação de cerca de 10 mil presos, o que representa 15% da população carcerária do país.
As medidas alternativas à prisão, como prisão domiciliar e liberdade condicional, serão aplicadas a detentos que cumpram certos critérios. Apenas aqueles com penas de até dois anos e que não tenham sido condenados por crimes graves, como terrorismo ou tráfico de pessoas, poderão ser considerados. O Ministério da Justiça, sob a liderança de Carlo Nordio, formou um grupo de trabalho para avaliar a viabilidade dessa proposta, que deve ser implementada nos próximos meses.
Situação Crítica nas Prisões
A superlotação nas prisões italianas é um problema persistente, com mais de 62 mil detentos em instalações projetadas para apenas 50 mil. A situação se agravou com o calor extremo, tornando as celas ainda mais insalubres. Em 2024, o número de suicídios e tentativas de suicídio aumentou significativamente, com pelo menos 33 suicídios registrados entre janeiro e maio deste ano.
O presidente da República, Sergio Mattarella, destacou a gravidade da situação, afirmando que o sistema penitenciário italiano é caracterizado por condições inadequadas e um nível de superlotação insustentável. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos já havia condenado a Itália em 2013 por condições consideradas inumanas, e a situação atual parece ter se deteriorado ainda mais.
Mudanças nas Políticas Penitenciárias
A proposta de liberar presos contrasta com a postura anterior do governo, que buscava endurecer as penas. Em junho, Meloni aprovou um decreto que prolonga sentenças e introduz novos crimes, aumentando a pressão sobre um sistema já sobrecarregado. A relação entre essas medidas e a nova proposta de liberdade condicional levanta questões sobre a coerência das políticas do governo.
As associações de defesa dos direitos dos presos, como a Antigone, alertam que a falta de programas de reabilitação e a reincidência são reflexos de um sistema falho. O aumento das medidas disciplinares, como o isolamento, também contribui para a deterioração das condições de vida nas prisões, onde 60% dos detentos estão em regime fechado.
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