Faixa azul em SP aumenta acidentes e 70% dos motociclistas ultrapassam velocidade

A Faixa Azul, projeto da prefeitura de São Paulo que visa criar vias exclusivas para motocicletas, apresenta resultados preocupantes. Um estudo realizado por instituições como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) revela um aumento de 33% nos acidentes em cruzamentos, locais já considerados críticos para a segurança viária. A pesquisa, que analisou 190 quilômetros de vias sinalizadas, sugere que a expansão do projeto não é recomendada.

Os dados indicam que 70% dos motociclistas nas avenidas com a Faixa Azul ultrapassam os limites de velocidade, em contraste com apenas 10% nas vias tradicionais. Essa mudança de comportamento pode resultar em acidentes mais graves. Ezequiel Dantas, diretor de vigilância de lesões no trânsito da Vital Strategies, alerta que "mais velocidade significa menos tempo para reagir e maior gravidade nas lesões".

Desde sua implementação em 2022, a Faixa Azul já cobre 232 quilômetros em São Paulo, incluindo avenidas movimentadas como a Faria Lima e a 23 de Maio. Apesar da defesa do prefeito Ricardo Nunes sobre a eficácia do projeto, que afirma uma redução de 47% nas mortes de motociclistas, o estudo aponta que os dados são inconclusivos. O aumento geral de mortes no trânsito na cidade, que subiu de 366 para 433 entre 2023 e 2024, reforça a necessidade de uma avaliação mais rigorosa.

Fiscalização e Expansão

Os pesquisadores recomendam um reforço na fiscalização dos limites de velocidade nas Faixas Azuis. O estudo, que deve ser ampliado até o final de setembro, pretende incluir mais 240 quilômetros de vias e detalhar os resultados para diferentes tipos de usuários, como motoristas e pedestres. A análise também questiona a eficácia das informações que a prefeitura encaminha à Secretaria Nacional de Trânsito.

Além de São Paulo, a Faixa Azul foi adotada em outras cidades, como Santo André e Salvador. No entanto, a falta de dados consistentes e a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso levantam dúvidas sobre a viabilidade do projeto como uma política pública. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) divulgou que, apesar da redução de mortes em algumas avenidas, o cenário geral do trânsito na capital continua a piorar.