29 de jul 2025
Carrapato revela nova estratégia no combate à febre maculosa através da saliva
Pesquisadores da USP identificam Amblyostatin 1, proteína que pode revolucionar o tratamento da febre maculosa e reduzir a mortalidade.

Carrapato pousado sobre folha de planta, com corpo arredondado e patas compridas e finas, de cor marrom; a folha e o ramo a que está ligada são de cor verde; o fundo da imagem está embaçado (Foto: USP Imagens)
Ouvir a notícia:
Carrapato revela nova estratégia no combate à febre maculosa através da saliva
Ouvir a notícia
Carrapato revela nova estratégia no combate à febre maculosa através da saliva - Carrapato revela nova estratégia no combate à febre maculosa através da saliva
Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP descobriram uma nova proteína, Amblyostatin-1, na saliva do carrapato Amblyomma sculptum, vetor da febre maculosa. Essa proteína possui propriedades anti-inflamatórias e pode ser crucial para o tratamento da doença, que apresenta alta taxa de mortalidade.
A febre maculosa, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, é transmitida principalmente por carrapatos do gênero Amblyomma. No Brasil, entre 2013 e 2023, foram registrados 2.059 casos e 703 mortes, resultando em uma taxa de mortalidade de cerca de 34%. O diagnóstico tardio, devido à semelhança dos sintomas com outras doenças, como a dengue, agrava a situação.
O estudo, publicado na revista Frontiers in Immunology, é fruto de uma colaboração internacional entre o ICB, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Czech Academy of Sciences e o National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos. O biólogo Wilson Santos Molari, primeiro autor do artigo, destaca que a saliva do carrapato contém um “coquetel de moléculas bioativas” que influenciam a resposta imune do hospedeiro.
Mecanismos de Ação
A Amblyostatin-1 inibe enzimas catepsinas, essenciais para a ativação do sistema imunológico. A pesquisa mostrou que essa proteína reduz a ativação de células dendríticas e a inflamação em modelos animais. O professor Anderson de Sá Nunes, orientador do estudo, explica que a identificação dessa molécula é um avanço para entender como o carrapato interage com o organismo e facilita a infecção.
Além disso, a Amblyostatin-1 apresenta baixa imunogenicidade, o que significa que não induz a produção de anticorpos nos animais. Essa característica é vantajosa para o desenvolvimento de medicamentos de uso prolongado, pois permite que a molécula seja utilizada sem que o organismo a reconheça como uma ameaça.
O estudo, que envolveu a participação de diversos pesquisadores, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A descoberta da Amblyostatin-1 pode abrir novas possibilidades para o tratamento da febre maculosa e de outras doenças inflamatórias.
Perguntas Relacionadas
Comentários
Os comentários não representam a opinião do Portal Tela;
a responsabilidade é do autor da mensagem.