Avanços em oncologia no Brasil enfrentam desafios em prevenção e diagnóstico
Oncologista alerta para a necessidade de diagnóstico precoce e superação de obstáculos no SUS para melhorar o tratamento do câncer no Brasil

Roger Chammas durante a 15ª edição do Prêmio Octavio Frias de Oliveira; prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais para melhorar o combate ao câncer no Brasil, afirma o oncologista (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress)
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O câncer é um grave problema de saúde pública no Brasil, com alta incidência e desafios no diagnóstico e tratamento, especialmente em estágios avançados. O oncologista Roger Chammas, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Icesp, destaca que 62% dos pacientes iniciam tratamento em estágios avançados. Ele enfatiza a importância da prevenção e do diagnóstico precoce para mudar esse cenário.
Durante a 16ª edição do Prêmio Octavio Frias de Oliveira, Chammas apontou que os obstáculos para a incorporação de novas terapias no Sistema Único de Saúde (SUS) incluem custos elevados e a necessidade de alinhar pesquisas às demandas da saúde pública. A falta de articulação na rede de diagnóstico e tratamento rápido também contribui para o atraso no início do tratamento. O oncologista ressalta que medidas eficazes para o diagnóstico precoce devem ser prioridade na saúde pública.
Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2021, 62% dos pacientes iniciaram quimioterapia ou radioterapia com tumores localmente avançados, um aumento em relação a 53% em 2008. Chammas defende que a conscientização sobre a prevenção é crucial para sensibilizar a população e capacitar profissionais de saúde. Ele cita a formação de dentistas para observar a mucosa oral como um exemplo de como o diagnóstico precoce pode ser facilitado.
O câncer de cabeça e pescoço, que inclui tumores na cavidade oral e faringe, é um dos mais comuns no Brasil. Um estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelou que cerca de 80% dos tumores diagnosticados entre 2000 e 2017 foram em estágios avançados. Chammas menciona que iniciativas de diagnóstico precoce, como campanhas de conscientização e programas de rastreamento, já estão em andamento, mas muitos pacientes ainda buscam tratamentos inovadores no exterior.
O oncologista alerta que muitos desses tratamentos são experimentais e podem não ter eficácia comprovada. Ele enfatiza que o controle da doença é mais eficaz quando o diagnóstico é feito precocemente. Chammas também destaca que o Brasil investe significativamente em pesquisa na área da saúde, mas a organização para transferir esse conhecimento à população ainda precisa de melhorias.
A pesquisa clínica focada no paciente traz melhorias no tratamento, mas a incorporação dos resultados na saúde pública enfrenta desafios. O Prêmio Octavio Frias de Oliveira, segundo Chammas, ajuda a dar visibilidade às pesquisas brasileiras e facilita a captação de recursos, embora a definição de políticas públicas dependa do Ministério da Saúde e da colaboração com especialistas.
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