Estranhamento da própria voz em áudios do WhatsApp é explicado pela ciência

Ouvir a própria voz gravada pode ser uma experiência desconfortável para muitos. Esse fenômeno é explicado pela diferença nas vias de percepção sonora. Quando falamos, nossa voz chega ao cérebro por duas rotas: a via aérea e a via óssea. Ao ouvir uma gravação, como as feitas no WhatsApp, apenas a via aérea é utilizada, resultando em uma percepção alterada, geralmente mais aguda e estranha.

Esse desconforto é intensificado no WhatsApp, onde a compressão do áudio e o ambiente de escuta podem afetar a autoestima e a comunicação. O aplicativo utiliza o formato .opus, que reduz o tamanho dos arquivos, mas compromete a qualidade sonora, tornando a voz mais metálica e distante. Além disso, muitos usuários escutam suas mensagens em ambientes silenciosos, o que aumenta a atenção aos detalhes e imperfeições, acentuando a sensação de estranhamento.

A insegurança gerada por essa distorção pode impactar a comunicação em diversas áreas da vida, como no trabalho e nas redes sociais. A voz é uma parte fundamental da identidade, e não se reconhecer nela pode levar a sentimentos de inadequação. Em casos extremos, isso pode contribuir para a "síndrome do impostor", onde a pessoa duvida de suas capacidades.

Técnicas para Melhorar a Percepção da Própria Voz

Para lidar com esse desconforto, algumas técnicas podem ajudar. Gravar com o celular próximo à boca e evitar ambientes com eco são dicas importantes. Falar com naturalidade e boa dicção também é essencial para capturar a voz de forma mais fiel. O uso de fones de ouvido com microfone embutido pode melhorar a clareza do áudio.

Outra sugestão é ouvir os áudios em volume médio e com o celular afastado, como se estivesse escutando outra pessoa. Segundo a fonoaudióloga Renata Almeida, essa prática ajuda na aceitação do timbre e reduz a sensação de estranhamento. Com o tempo, a familiaridade com a própria voz pode levar ao aperfeiçoamento da comunicação.