Investidores veem oportunidades em data centers no Brasil com crescimento da inteligência artificial

A demanda crescente por data centers na América Latina, impulsionada pela inteligência artificial e computação em nuvem, tem atraído investidores do setor privado, que veem oportunidades devido à disponibilidade de energia renovável e incentivos governamentais. Nos três primeiros trimestres de 2023, os investimentos na região alcançaram US$ 11,7 bilhões, mais que o dobro do total do ano anterior, segundo a Lavca, associação de private equity da América Latina. Tim Formuziewich, da I Squared Capital, destacou o Brasil e o México como destinos promissores, especialmente em setores como transporte e energia.

Além de atender à demanda local, os investimentos visam também a exportação de capacidade. André Sales, da gestora Pátria, observou que a América Latina representa 7% do tráfego global de dados, mas possui apenas 2% da capacidade. O Pátria, que fundou a Odata em 2015, foi pioneiro em infraestrutura de dados na região. Recentemente, o governo dos EUA, sob a liderança de Donald Trump, anunciou uma joint venture que pretende investir US$ 100 bilhões em infraestrutura de IA, com a meta de alcançar US$ 500 bilhões.

O apetite da IA por energia tem gerado um aumento nos investimentos em geração e transmissão de energia na América Latina. A região, com custos de produção baixos, se torna atraente para empresas que buscam reduzir a pegada de carbono. Recentes reformas no Brasil devem reduzir a carga tributária sobre a importação de unidades de processamento gráfico, essenciais para IA, de 48% para 14% até 2033. O mercado de data centers na América Latina deve dobrar, passando de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões em 2023 para até US$ 10 bilhões até 2029.

Gigantes como Microsoft, Amazon e Oracle estão expandindo suas operações na região, com novos investimentos que somam mais de US$ 9 bilhões. As debêntures de infraestrutura no Brasil também mostraram crescimento, alcançando R$ 120,3 bilhões até novembro de 2023. A I Squared, com US$ 3,5 bilhões investidos na América Latina, e outros fundos como o Actis, estão focados em data centers e concessões de infraestrutura, com a expectativa de que o Brasil atraia R$ 120 bilhões em investimentos para rodovias e saneamento nos próximos anos.