03 de fev 2025
Universidades no interior impulsionam empreendedorismo e inovação no Brasil
Estudo da EESP FGV revela que universidades no interior aumentaram empreendedorismo. Aumento de 21% no número de empresas e 75% em trabalhadores qualificados. Setores de varejo e serviços cresceram 62% e 39%, respectivamente. Universidades impulsionaram exportações e patentes em regiões vulneráveis. Reuni não focou em empreendedorismo, mas teve impacto positivo no desenvolvimento regional.
Bruna Alvarez Mirelli: melhorar a alocação de investimentos visando crescimento e também desigualdade regional (Foto: Gabriel Reis/Valor)
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A expansão das universidades para o interior do Brasil tem gerado um impacto positivo no empreendedorismo local, conforme aponta um estudo da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP FGV). A pesquisa analisou 277 microrregiões entre 1998 e 2019, comparando aquelas que receberam universidades federais com outras que ainda não tinham campus. O estudo revela um aumento médio de 17,8 empresas por mil habitantes, resultando em um crescimento de 21% no número de empresas nas regiões atendidas.
Os dados mostram que a maioria das novas empresas são micro e pequenas, com um crescimento de 53% e 105%, respectivamente. A pesquisa identificou dois mecanismos principais que impulsionam o empreendedorismo: o aumento da demanda gerada pela presença de estudantes e funcionários, e a oferta de mão de obra mais qualificada. O setor de varejo cresceu 62%, enquanto o de serviços teve um aumento de 39%. Além disso, o número de trabalhadores qualificados aumentou em 75%, e as empresas exportadoras e patentes cresceram 59% e 112%, respectivamente.
Embora os números absolutos de empresas exportadoras e patentes pareçam modestos, o estudo destaca a importância desses dados em regiões com infraestrutura precária e baixa escolaridade. Em 2023, o Brasil teve apenas 19,2 mil pedidos de patentes concedidas, o que representa 0,09 por mil habitantes. O programa Reuni, que visava expandir o acesso ao ensino superior, não tinha o empreendedorismo como foco principal, mas priorizou cidades vulneráveis, com cerca de 60% dos novos campi no Norte e Nordeste.
Os pesquisadores também utilizaram inteligência artificial para simular políticas que poderiam maximizar o empreendedorismo nas regiões. No cenário mais otimista, a taxa anual de empreendedorismo poderia ser mais de seis vezes superior ao resultado efetivo. O estudo sugere que, ao melhorar a alocação de investimentos, é possível estimular o crescimento econômico e reduzir a desigualdade regional, considerando que o Brasil ainda enfrenta desafios significativos no acesso ao ensino superior.
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