15 de mar 2025
Logística deficiente ameaça alívio da inflação com a supersafra de grãos
A supersafra de grãos, com 325,7 milhões de toneladas, enfrenta gargalos logísticos. O preço do frete disparou até 69,3% em rotas, impactando o custo dos alimentos. A falta de armazéns adequados impede o armazenamento de 115,6 milhões de toneladas. A escassez de caminhões e mão de obra agrava a situação, afetando o escoamento. A alta nos custos de transporte pode afetar toda a economia e a popularidade do governo.
Em supersafra de grãos, produtores disputam caminhões para escoar rapidamente os produtos e, como consequência, há uma disparada no preço do frete. (Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias)
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A supersafra de grãos no Brasil, estimada em 325,7 milhões de toneladas, enfrenta desafios logísticos significativos, impactando o preço do frete. Em Mato Grosso, o maior produtor de soja, a tarifa de transporte aumentou 62% entre janeiro e fevereiro, com o custo de frete de Água Boa até o Porto de Santos subindo 69,3%. O aumento médio nacional foi de 34,6% no mesmo período, refletindo uma pressão sobre os preços dos alimentos, em um momento crítico para o governo, que busca controlar a inflação.
O coordenador da Esalq, Thiago Pera, destacou que a colheita concentrada, devido a uma janela de plantio estreita, tem dificultado o escoamento da produção. Ele prevê que 2025 será ainda mais desafiador para o agronegócio, impulsionado pelo crescimento da safra e pelo aumento do preço do diesel, que passou de R$ 6 para R$ 6,46 por litro. Pera alertou que a escalada no preço do frete terá reflexos diretos no consumidor, especialmente com a próxima safra de milho.
A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) identificou um deslocamento de caminhoneiros para o Centro-Oeste, em busca de melhores remunerações, o que resulta na falta de veículos para outras regiões agrícolas, como Bahia e Goiás. A frota dedicada ao transporte de grãos é de 1,7 milhão de caminhões, de um total de 2,252 milhões. A consultora da CNA, Elisângela Pereira Lopes, ressaltou que a escassez de caminhoneiros e a falta de armazéns agravam a situação.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) enfrentou dificuldades para transportar milho entre Piauí e Paraíba, evidenciando a falta de caminhões disponíveis. Além disso, 93% das empresas de transporte relataram dificuldades em contratar mão de obra, segundo o engenheiro de transporte Lauro Valdivia. A falta de armazéns é crítica, com 115,6 milhões de toneladas da safra sem espaço adequado, sendo 46 milhões apenas em Mato Grosso. A capacidade de armazenamento é insuficiente, aumentando os custos durante os picos de safra.
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