EUA aumentam em 93% importação de ovos do Brasil em meio a surto de gripe aviária

As importações de ovos do Brasil pelos Estados Unidos cresceram 93% em fevereiro em comparação ao mesmo mês do ano anterior, conforme informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Esse aumento nas compras ocorre em meio a um surto de gripe aviária que tem afetado a oferta de ovos nos EUA. Até janeiro de 2024, os ovos brasileiros eram utilizados apenas na ração animal, mas agora podem ser incorporados em alimentos processados, como misturas para bolos e sorvetes, embora ainda não possam ser vendidos in natura nos supermercados.

Além disso, os EUA estão avaliando a possibilidade de flexibilizar as regulamentações para permitir o consumo de ovos fecundados destinados à indústria de frangos de corte. No entanto, especialistas em segurança alimentar alertam que essa medida pode aumentar o risco de contaminação por bactérias nocivas. Em janeiro, o governo Trump autorizou a importação de ovos brasileiros para processamento em produtos alimentícios, após anteriormente permitir apenas o uso em ração animal. A ABPA confirmou que o Brasil atende aos requisitos dos EUA para essa exportação.

Apesar do aumento nas exportações, os 503 toneladas de ovos enviados ao mercado americano em fevereiro representam menos de 1% da produção total do Brasil, que é de aproximadamente 2,5 mil toneladas mensais. A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) está analisando uma petição para permitir a venda de ovos fecundados, que atualmente são descartados por falta de refrigeração adequada. Em 2023, a FDA já havia negado um pedido semelhante, citando preocupações com o risco de salmonela.

A escassez de ovos nos EUA, causada pela gripe aviária que dizimou quase 170 milhões de aves desde 2022, tem pressionado a inflação alimentar. Os preços dos ovos no atacado aumentaram 53,6% em fevereiro, levando o governo a anunciar um plano de US$ 1 bilhão para reduzir os preços, que inclui medidas para evitar a disseminação do vírus e pesquisa de vacinas. O governo também está incentivando importações de países como Brasil, Turquia e Coreia do Sul, que tradicionalmente enviam poucos ovos para os EUA.