01 de mai 2025
Brasil se beneficia da guerra comercial entre EUA e China e amplia exportações agrícolas
Brasil se destaca nas exportações para a China em meio à guerra comercial, mas enfrenta riscos de desmatamento e pressão logística.
Foto de um grupo de pessoas em uma praia durante o pôr do sol. (Foto: Reprodução)
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A disputa comercial entre Estados Unidos e China, que começou em 2017, resultou em tarifas elevadas e retaliações, afetando o mercado global de commodities, especialmente soja e carne. O Brasil, por sua vez, tem se beneficiado dessa guerra comercial, aumentando suas exportações para a China, mas enfrenta riscos relacionados ao desmatamento e à pressão sobre sua infraestrutura logística.
Com a imposição de tarifas superiores a 200% pelos EUA, a posição americana no mercado chinês foi enfraquecida. Isso gerou expectativas positivas para o agronegócio brasileiro, que já possui uma posição consolidada em produtos como soja, milho e carne. Especialistas indicam que a demanda por esses produtos pode crescer significativamente no curto prazo, especialmente com a previsão de uma safra recorde de grãos em 2025.
O aumento das exportações brasileiras, no entanto, traz preocupações. A infraestrutura logística do país, incluindo portos e estradas, já apresenta gargalos que podem ser exacerbados pelo aumento da demanda. Além disso, a pressão por mais pastagens para a pecuária pode intensificar o desmatamento, especialmente na Amazônia e no Cerrado. O pesquisador Paulo Barreto, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), alerta que um aumento na demanda externa tende a levar a mais desmatamento.
Riscos Ambientais e Desafios Logísticos
Historicamente, picos na demanda por commodities agrícolas têm levado ao desmatamento. Entre 1995 e 2004, o desmatamento na Amazônia aumentou em resposta à demanda internacional por carne e soja. Atualmente, cerca de 90% do desmatamento na Amazônia é destinado à abertura de pastagens. O aumento da demanda por carne bovina pode levar pequenos e médios produtores a expandirem suas áreas de forma irregular, o que pode resultar em conflitos por terras.
Embora o Brasil tenha se consolidado como o maior exportador de produtos agropecuários para a China, analistas acreditam que o crescimento das exportações não será tão expressivo quanto em anos anteriores. A instabilidade geopolítica e a incerteza sobre a duração da guerra comercial adicionam complexidade ao cenário. O vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Ingo Plöger, ressalta que a vantagem competitiva do Brasil é de curto prazo e que um acordo entre os países pode ser alcançado.
Políticas Públicas e Sustentabilidade
Por outro lado, iniciativas voltadas à produção agrícola sustentável estão ganhando força. Programas como o Plano ABC+ e o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas visam incentivar a produção em áreas já abertas. No entanto, Paulo Barreto destaca que lacunas nas políticas públicas e a falta de rastreamento do gado aumentam a vulnerabilidade da Amazônia ao desmatamento.
O governo brasileiro ainda não se posicionou sobre as medidas necessárias para mitigar esses riscos. Barreto sugere que, se a China exigir critérios ambientais para a importação de carne, isso poderia estimular práticas mais sustentáveis na pecuária brasileira.
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