Ministério da Fazenda eleva projeção do PIB para 2025, impulsionado pela agropecuária

O Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2025, aumentando de 2,3% para 2,4%. A revisão foi divulgada no Boletim Macrofiscal nesta segunda-feira, 19 de maio. O desempenho da agropecuária e medidas de estímulo à renda foram os principais fatores que impulsionaram essa expectativa, apesar dos riscos fiscais e incertezas externas.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, cresceu 0,8% em março, superando as expectativas do mercado, que projetavam um aumento de 0,4%. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de 3,5%. A agropecuária teve um papel crucial, com um aumento de 19,8% em comparação ao ano anterior, impulsionada por uma safra recorde de soja.

A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, destacou que a resiliência do mercado de trabalho e o crescimento real dos salários sustentaram a demanda interna, mesmo com uma leve desaceleração na indústria. O setor agropecuário deve crescer 11,7% no primeiro trimestre, beneficiado por condições climáticas favoráveis.

Expectativas de Inflação

A projeção para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também foi revisada para 5%, acima do teto da meta de 4,5%. A alta nos preços foi influenciada por serviços, bens industriais e alimentos. O governo espera que a trajetória de desaceleração da inflação comece a se firmar apenas a partir de setembro.

Analistas do mercado, como a economista-chefe da Principal Asset Management, Marcela Rocha, preveem que o Banco Central deverá aumentar a taxa Selic em junho, para 15%, devido à combinação de estímulos governamentais e uma economia ainda aquecida. A curva de juros futuros indica uma expectativa de alta de pouco menos de 10 pontos básicos na taxa em junho.

Desafios Fiscais e Econômicos

Apesar do crescimento projetado, a equipe econômica do governo alerta para os riscos fiscais e a necessidade de cautela nas políticas monetárias. O déficit primário para 2025 foi revisado para R$ 72,7 bilhões, a menor estimativa desde outubro de 2023. A dívida bruta do governo deve atingir 80,3% do PIB.

O cenário econômico brasileiro apresenta um crescimento robusto, mas a continuidade desse desempenho dependerá de fatores internos e externos, incluindo a política monetária e as condições do mercado de trabalho. O resultado do PIB do primeiro trimestre será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 30 de maio.