Incertezas sobre embarques para os EUA afetam mercado brasileiro e empresas locais

O governo dos Estados Unidos anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto, gerando preocupações no mercado financeiro e entre analistas. A medida, que visa proteger a indústria americana, pode impactar significativamente as exportações do Brasil, que representam cerca de 12% do total.

Empresas brasileiras já buscam alternativas para minimizar os prejuízos. O CEO da Usaflex, Sérgio Bocayuva, destaca a incerteza nas negociações com parceiros americanos, que estavam em fase final. Ele observa que, ao contrário da China, o Brasil não possui flexibilidade para reduzir custos e manter a competitividade. O setor de calçados, que viu um aumento de 13,5% nas exportações entre janeiro e junho, pode ser um dos mais afetados.

Setores em Alerta

O CEO da Jacto, Carlos Daniel Haushahn, afirma que a empresa está reforçando a produção nos EUA e explorando novos mercados, como China e África. A CCM, fabricante de fraldas, enfrenta desafios com a importação de polpa de celulose, essencial para sua produção. O CEO Rodrigo Zerbini alerta que a reciprocidade nas tarifas pode forçar a empresa a cancelar pedidos, aumentando custos e instabilidade.

No agronegócio, o pecuarista Sidney Sanches Zamora Filho prevê uma queda nas exportações de carne bovina para os EUA. A tarifa torna inviável a venda para o mercado americano, levando a uma possível reorientação das vendas para o mercado interno ou outros destinos. Ele enfatiza a importância de diversificar os mercados para reduzir riscos.

Impacto Econômico

A imposição das tarifas já reflete no mercado financeiro, com a maior queda do Ibovespa desde dezembro de 2022 e uma alta de 2,28% no dólar. Analistas do BTG Pactual consideram que o impacto no PIB será marginal, entre 0,2% e 0,4%, mas a incerteza persiste. O chairman da Elea Data Centers, Alessandro Lombardi, vê a taxação como uma oportunidade para rever tarifas no setor de tecnologia.

O cenário atual exige que as empresas se adaptem rapidamente para evitar perdas. A pressão sobre os preços e a competitividade pode gerar um efeito cascata na economia, afetando o emprego e a inflação. A resposta do governo brasileiro a essa situação será crucial para mitigar os danos e preservar as relações comerciais.