26 de fev 2025
Avanço no ensino superior contrasta com queda de 12,3% na renda de graduados em 12 anos
A oferta de vagas operacionais quase dobrou em 2024, com salários em R$ 1.700. Trabalhadores sem escolaridade tiveram aumento real de 41% na renda desde 2012. Ensino superior enfrenta queda salarial, com renda média ainda abaixo de 2019. Setores como agricultura e construção estão aquecidos, absorvendo mão de obra menos qualificada. Valorização do salário mínimo e recuperação de serviços impulsionam ganhos de trabalhadores informais.
Formalização do trabalho aumentou (Foto: Agência O Globo/Arquivo)
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A oferta de vagas operacionais no Brasil quase dobrou desde o início de 2024, com mais de mil novas oportunidades por semana, totalizando entre 2.200 e 2.300. O salário médio para essas posições aumentou para cerca de R$ 1.700, comparado a R$ 1.300 a R$ 1.400 no ano anterior. Paulo Vasconcellos, coordenador da organização social Gerando Vidas, destaca que trabalhadores assistidos por programas sociais estão aproveitando essas oportunidades, refletindo um avanço na renda dos menos qualificados, que, em termos reais, estão ganhando mais do que há doze anos.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, mostram que os trabalhadores sem instrução e com fundamental incompleto foram os únicos a ver aumento salarial acima da inflação entre 2012 e 2024, com um crescimento de 41%. Em contraste, a renda média dos que possuem ensino médio e superior caiu, com uma redução de 12,3% para os universitários. Especialistas atribuem essa recuperação à valorização do salário mínimo e à formalização do trabalho, que resultou em um rendimento médio de R$ 1.598 no terceiro trimestre de 2024.
A economista Janaína Feijó, da Fundação Getulio Vargas, observa que a pandemia afetou desproporcionalmente os trabalhadores menos qualificados, mas a recuperação do setor de serviços agora está absorvendo essa mão de obra. A informalidade entre os menos instruídos caiu de 75,2% em 2012 para 71,1% em 2024, enquanto a informalidade entre os com ensino superior aumentou de 27% para 33,2%. O crescimento em setores como agricultura e construção, que empregam mais trabalhadores de baixa qualificação, também contribui para essa mudança.
Desirée Loponte Emmerich, da Winner RH, relata que as seleções para empregos em logística e comércio eletrônico estão exigindo maior escolaridade, mas ainda há oportunidades sem exigências. A renda dos trabalhadores sem carteira aumentou 31,2% entre 2012 e 2024, enquanto a dos autônomos cresceu 16%. Alessandra Lopes, uma vendedora ambulante, exemplifica essa tendência, relatando ganhos mensais de R$ 4 mil a R$ 5 mil. A valorização do salário mínimo e a recuperação dos serviços pessoais também são citadas como fatores que impulsionam essa alta salarial, embora a diferença de renda entre os mais e menos escolarizados continue significativa.
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