Economia e sexualidade: como dados microeconômicos revelam comportamentos humanos

A economia, frequentemente chamada de "ciência lúgubre", lida com temas complexos como crises financeiras e déficits fiscais. Contudo, a microeconomia também aborda aspectos intrigantes da vida cotidiana, incluindo o comportamento sexual. Gary Becker, renomado economista e ganhador do Prêmio Nobel, explorou essa dimensão em sua análise econômica da família, que abrange decisões sobre casamento e filhos, além de discutir a revolução sexual sob uma perspectiva econômica.

Becker, junto com Richard Posner, argumenta que a revolução sexual da segunda metade do século XX pode ser explicada pela queda nos custos da atividade sexual, impulsionada por avanços na saúde e na contracepção, além da maior independência financeira das mulheres. Ele observa que o aumento da atividade sexual entre mulheres e jovens não se deve apenas à contracepção, mas também a mudanças nas normas sociais. Becker enfatiza que normas e hábitos influenciam a tomada de decisões, um aspecto que ainda carece de análise científica adequada.

Cristiano Oliveira, professor da FURG, contribui para essa discussão com seu e-book “Guia Econômico e Estatístico de Sexo e Relacionamentos”, que combina rigor acadêmico com humor. O livro, que visa transformar a vida amorosa com estratégias baseadas em ciência, analisa como decisões racionais são afetadas por fatores psicológicos e evolutivos, além de discutir a recente queda na frequência de atividades sexuais e vínculos duradouros.

Oliveira revisita a teoria de Becker à luz das transformações contemporâneas, abordando o impacto de aplicativos de relacionamento e utilizando modelos teóricos como teoria dos jogos e economia comportamental. O autor apresenta dados e estatísticas atualizadas, culminando em orientações práticas para decisões sobre amor e sexualidade, desafiando a visão de que a economia é apenas uma ciência sombria.