Trump anuncia tarifas recíprocas e Brasil pode enfrentar impactos significativos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que fará um comunicado sobre tarifas recíprocas, cumprindo uma promessa de campanha. Essa medida visa igualar as tarifas sobre importações americanas às taxas que outros países, como o Brasil, impõem sobre suas exportações. Atualmente, os EUA têm uma tarifa média de importação de 2% sobre bens industriais, enquanto a tarifa média aplicada aos produtos brasileiros é de 4,6%, conforme estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Durante uma coletiva com o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, Trump afirmou que as tarifas recíprocas são a "única maneira justa" de negociar, enfatizando que "eles nos cobram, nós cobramos deles". O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, também destacou que a política comercial dos EUA será baseada no princípio da reciprocidade, citando que empresas americanas gastaram US$ 370 bilhões em taxas para outros países em 2023, enquanto as estrangeiras pagaram apenas US$ 57 bilhões nos EUA.

Embora os detalhes da proposta ainda não tenham sido divulgados, o Brasil pode ser um dos países afetados, dado seu desequilíbrio tarifário. O Brasil, que enfrenta uma tarifa média de importação de 4,6%, é o terceiro país com a maior taxa entre os analisados, atrás apenas da Argentina e da Índia. Na América Latina, a maioria dos países apresenta tarifas significativamente mais baixas, como Colômbia e México, que têm tarifas de 1,2% e 0,4%, respectivamente.

O governo brasileiro, por sua vez, está avaliando o impacto que essas tarifas podem ter na economia nacional, uma vez que o Brasil importa mais do que exporta para os EUA, resultando em um déficit de US$ 6,8 bilhões no ano passado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que adotará o princípio da reciprocidade caso as tarifas sejam impostas e alertou que Trump governa com "bravatas". A orientação do Itamaraty é de cautela, evitando provocações desnecessárias.