Temores de estagflação aumentam com tarifas de Trump e desaceleração econômica

A economia dos Estados Unidos enfrenta um cenário preocupante, com temores de stagflação, uma combinação de inflação elevada e crescimento econômico lento, que não é vista há 50 anos. O presidente Donald Trump está determinado a impor tarifas sobre diversos produtos importados, enquanto indicadores econômicos apontam para uma desaceleração da atividade. Essa situação gera apreensão entre consumidores, líderes empresariais e investidores, que têm vendido ações e buscado segurança em títulos.

O economista-chefe da Moody's Analytics, Mark Zandi, destacou que a inflação e o crescimento fraco são consequências das políticas tarifárias e de imigração. Dados recentes mostram que as expectativas de inflação dos consumidores estão nas maiores em quase 30 anos, enquanto o sentimento geral caiu para mínimas de vários anos. O Departamento de Comércio relatou uma queda no consumo em janeiro, apesar do aumento da renda, e a pesquisa do Instituto de Gestão de Suprimentos indicou uma leve expansão na atividade fabril em fevereiro, com novos pedidos caindo significativamente.

A previsão do Federal Reserve para o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi reduzida para uma queda anualizada de 2,8%, o que representaria o primeiro resultado negativo desde o início de 2022. Zandi acredita que, embora o Fed possa considerar cortes nas taxas de juros, a resposta pode ser o aumento das taxas para controlar a inflação, semelhante à abordagem do ex-presidente do Fed, Paul Volcker, nos anos 80. O clima de incerteza está refletido nas bolsas, que sofreram perdas significativas, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram, indicando uma maior demanda por ativos de renda fixa.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que o governo está comprometido em desregular os bancos e reduzir as taxas de juros, além de criticar o modelo de exportação da China. Ele enfatizou que as tarifas impostas afetarão os fabricantes chineses e que o governo de Trump está focado em trazer empregos de volta ao setor de manufatura nos EUA. Bessent também comentou sobre a política energética do presidente, prevendo que os EUA se tornarão um importante exportador de energia. O relatório de empregos que será divulgado na sexta-feira pode fornecer mais clareza sobre a saúde do mercado de trabalho e suas implicações para a economia.