Mercado de títulos indica crescente risco de estagnação da economia americana

Os operadores de títulos estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de estagnação da economia dos Estados Unidos, em meio a políticas do presidente Donald Trump, como tarifas comerciais e cortes na força de trabalho federal. A expectativa inicial de que Trump impulsionaria a economia está sendo rapidamente substituída por temores de recessão, com investidores migrando para Treasuries de curto prazo, o que resultou na queda dos rendimentos dos títulos de dois anos desde fevereiro. Gennadiy Goldberg, da TD Securities, destacou que o sentimento do mercado mudou de "exuberância sobre o crescimento" para "desespero absoluto".

A mudança no mercado de Treasuries reflete a incerteza sobre as perspectivas econômicas, especialmente após a implementação de políticas que podem desestabilizar as cadeias de suprimentos globais. A guerra comercial promovida por Trump e a possibilidade de cortes de funcionários públicos estão contribuindo para um aumento do risco de recessão. Tracy Chen, da Brandywine Global Investment Management, afirmou que as políticas de Trump, como tarifas e cortes de impostos, elevam esse risco. Trump, por sua vez, minimizou as preocupações, referindo-se a um "período de transição" na economia.

A divergência entre os mercados de títulos na Europa e nos Estados Unidos também foi notável, com os rendimentos dos títulos alemães subindo, enquanto os Treasuries permaneceram estáveis. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que não há pressa em retomar a flexibilização da política monetária, apesar da inflação que pode pressionar os rendimentos. O relatório do índice de preços ao consumidor deve mostrar um aumento anual de 2,9%, acima da meta de 2% do Fed.

Sinais de desaceleração econômica estão se acumulando, com o indicador GDPNow do Fed de Atlanta prevendo uma contração do PIB no primeiro trimestre. Edward Harrison, da Bloomberg, observou que os dados de emprego foram piores do que o esperado, o que pode ter contribuído para a tendência favorável aos títulos e o pessimismo em relação às ações nos mercados financeiros dos Estados Unidos.