Europa reconsidera energia nuclear em busca de independência energética e sustentabilidade

A Europa está passando por uma mudança significativa em sua abordagem energética, com um crescente interesse pela energia nuclear. Recentemente, a Dinamarca anunciou que está reconsiderando sua proibição de quatro décadas sobre a energia nuclear, enquanto a Alemanha abandonou sua oposição histórica ao setor. A Espanha também sinalizou uma possível revisão do fechamento de suas usinas nucleares.

O ministro dinamarquês de Clima, Energia e Serviços Públicos, Lars Aagaard, afirmou que o país irá analisar novas tecnologias nucleares, como reatores modulares pequenos, para complementar as energias solar e eólica. “Precisamos entender se novas tecnologias nucleares podem apoiar nosso sistema energético no futuro,” disse Aagaard. A Dinamarca, que baniu a energia atômica em mil novecentos e oitenta e cinco, não planeja retornar às usinas nucleares tradicionais.

Na Espanha, a ministra da Transição Ecológica, Sara Aagesen, indicou que, embora o governo tenha planos de desativar reatores nucleares na próxima década, extensões além de dois mil e trinta e cinco não estão descartadas. Essa mudança ocorre em meio a críticas sobre a confiabilidade das energias renováveis, após um apagão que afetou a Espanha, Portugal e o sul da França.

Reavaliação na Alemanha

A Alemanha, que fechou suas últimas usinas nucleares em dois mil e vinte e três, também alterou sua postura em relação à energia nuclear. O novo governo, liderado pelo chanceler Friedrich Merz, agora apoia a inclusão da energia nuclear na legislação da União Europeia, equiparando-a às energias renováveis. Essa mudança representa um movimento em direção à colaboração com a França, que é favorável à energia atômica.

Especialistas, como Georg Zachmann, do think tank Bruegel, destacam que a energia nuclear continua sendo uma tecnologia divisiva na Europa. “O renascimento da energia nuclear no discurso político é surpreendente, dado que os custos das tecnologias concorrentes, como solar e eólica, caíram mais de oitenta por cento,” afirmou Zachmann. Ele também observou que os custos ocultos associados ao equilíbrio e transporte de eletricidade renovável estão aumentando, o que pode ter influenciado essa reavaliação.

A crescente aceitação da energia nuclear na Europa reflete uma busca por maior independência energética e uma resposta às limitações das energias renováveis em garantir a estabilidade da rede elétrica.