Fed deve aumentar juros antes de reduzir, e recessão nos EUA é iminente

BERKELEY - O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos pode aumentar os juros ainda este ano para enfrentar a inflação crescente, conforme prevê Barry Eichengreen, professor de Economia da University of California, Berkeley. Em entrevista ao Estadão, ele afirma que a pressão política, especialmente do ex-presidente Donald Trump, pode influenciar essa decisão.

Eichengreen destaca que o Fed busca reafirmar sua independência e, por isso, é provável que suba os juros antes de considerar cortes. A inflação, impulsionada por tarifas elevadas sobre importações, está começando a acelerar, o que torna essa medida mais urgente. O economista estima que as chances de uma recessão nos EUA até o final do ano são superiores a 50%.

A guerra comercial entre os EUA e a China continua a impactar a economia. Embora haja uma pausa temporária nas tarifas, a China mantém uma tarifa de 10% sobre produtos americanos, enquanto os EUA aplicam tarifas que variam de 30% a 45% sobre importações chinesas. Essas tarifas, embora menos severas do que as anteriores, ainda são prejudiciais para a economia americana.

Cenário Econômico

O cenário atual é complexo para o Fed, que enfrenta a necessidade de aumentar os juros devido à inflação, enquanto a economia mostra sinais de enfraquecimento. Eichengreen observa que a incerteza econômica está levando empresários a adiar investimentos, o que pode afetar a confiança do consumidor.

O professor sugere que o Fed pode optar por um aumento de 0,25 ponto percentual. A decisão dependerá de dados econômicos futuros, especialmente se a inflação continuar a subir devido a interrupções nas cadeias de suprimento e tarifas. A situação é delicada, pois o Fed deve agir com cautela para não agravar a desaceleração econômica.

Eichengreen também menciona que a força do dólar está diminuindo, refletindo a percepção do mercado sobre a economia americana. Se a volatilidade política aumentar, isso pode levar a um enfraquecimento adicional da moeda. O cenário atual exige atenção cuidadosa às políticas comerciais e suas repercussões globais.