Japão enfrenta crise de arroz com preços recordes e escassez no mercado

O Japão enfrenta uma crise sem precedentes no setor de arroz, com os preços quase dobrando em um ano. O governo leiloou parte de seu estoque estratégico pela primeira vez desde 1995, em resposta ao aumento significativo dos preços. O Ministro da Agricultura, Taku Eto, renunciou após comentários polêmicos sobre o consumo do grão.

O preço médio de um saco de 60 quilos de arroz colhido em 2024 atingiu ¥ 26.400 (US$ 184 ou R$ 1.029), conforme reportado pelo Financial Times. A escassez de arroz se deve a uma colheita ruim em 2023 e ao aumento da demanda, exacerbada por compras em pânico após um alerta de terremoto. O turismo também contribuiu para a pressão sobre a oferta.

As prateleiras dos supermercados estão vazias, e muitos estabelecimentos exibem cartazes sugerindo alternativas mais baratas, como pão e macarrão. Em Atami, um estoque subsidiado de arroz esgotou-se rapidamente, deixando consumidores sem o produto. A competição entre cooperativas e atacadistas aumentou, com cooperativas oferecendo preços fixos em torno de ¥ 26.000 por saco.

Impacto Econômico

A alta dos preços do arroz não afeta apenas os consumidores. Um número recorde de restaurantes de curry, um prato tradicional japonês, declarou falência devido ao aumento dos custos dos ingredientes. Treze restaurantes com dívidas superiores a ¥ 10 milhões (US$ 70 mil) encerraram atividades no último ano, segundo a Teikoku Databank.

O governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba está sob pressão para resolver a crise. Ele formou um comitê especial para discutir reformas na política do arroz e demitiu o ministro da Agricultura. As políticas anteriores, que priorizavam a estabilidade dos preços, agora enfrentam críticas, pois a inflação se torna um problema político mais amplo.

A situação é complexa, com a importação de arroz da Coreia do Sul ocorrendo pela primeira vez em mais de 25 anos como uma possível solução. O aumento dos preços e a renúncia do ministro podem impactar as eleições nacionais de julho, com o descontentamento popular crescendo.