Fed deve postergar corte de juros para setembro devido a incertezas sobre tarifas

No mesmo dia em que o Copom divulgou sua ata sobre a elevação dos juros, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, informou ao Congresso dos EUA que o ciclo de cortes de juros pode ser retomado ainda em 2023. No entanto, as tarifas impostas pelo governo Trump geraram incertezas no cenário inflacionário, o que pode adiar essa decisão para setembro.

Powell destacou que, se não fosse pelas preocupações com o impacto das tarifas nos preços, os dados econômicos recentes já justificariam a continuidade da flexibilização monetária. Contudo, o risco de aumento da inflação nos próximos meses levou o Fed a adotar uma postura mais cautelosa. A Monte Bravo Investimentos, em relatório assinado por Alexandre Mathias, Luciano Costa e Bruno Benassi, interpreta que Powell sinalizou uma tendência de espera até setembro, quando o Comitê de Política Monetária poderá avaliar melhor os efeitos das tarifas.

Cenário Inflacionário

Durante sua apresentação, Powell afirmou que as tarifas devem começar a pressionar a inflação a partir de junho, com efeitos que podem se estender até setembro, interrompendo a desaceleração observada nos últimos dois anos. Ele ressaltou que a intensidade e a velocidade do repasse aos consumidores ainda são incertas. A Monte Bravo também observou que o Fed está atento à evolução do mercado de trabalho, e uma deterioração significativa no emprego poderia antecipar os cortes de juros.

Powell reafirmou que a economia continua forte e que não há pressa para agir. Questionado sobre as declarações de outros dirigentes do Fed, que defendem cortes já em julho, ele optou por não se posicionar diretamente. O presidente do Fed reiterou que a reação da inflação às tarifas será crucial para a política monetária futura.

Expectativas do Mercado

Após o testemunho de Powell, os contratos futuros ajustaram suas expectativas, indicando uma probabilidade de 81% para um corte de juros em setembro. A Monte Bravo mantém a projeção de que o ciclo de cortes será retomado em setembro, com três reduções de 0,25 ponto percentual até o final do ano, levando a taxa básica dos EUA para 3,75% ao ano em dezembro.