30 de jun 2025

Sur Global recebe ajuda ao desenvolvimento e enfrenta altos pagamentos de dívida
Cortes na ajuda ao desenvolvimento e aumento da dívida comprometem serviços essenciais em países em desenvolvimento.

Um homem coloca um cargamento de ajuda da USAID em um campo de refugiados no Quênia, este junho. (Foto: Andrew Kasuku/AP/LaPresse)
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A ajuda ao desenvolvimento global enfrenta um cenário alarmante, com cortes significativos nas contribuições de países ricos. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê uma redução de até 17% na ajuda em 2025, impulsionada por cortes de Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França. Enquanto isso, a dívida do Sul Global atinge níveis recordes, com 45 países gastando mais para honrar suas obrigações financeiras do que em serviços essenciais como saúde.
Em 2024, o mundo investiu cerca de 212 bilhões de dólares em ajuda ao desenvolvimento, uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Em contraste, o gasto militar global subiu para 2,7 trilhões de dólares, mais de 12 vezes o valor destinado à cooperação. A situação se agrava com o aumento do gasto militar, já que os países da OTAN aprovaram o maior aumento histórico em seus orçamentos de defesa.
A USAID, principal agência de ajuda dos EUA, sofreu cortes drásticos sob a administração de Donald Trump, reduzindo o número de programas ativos de 6.256 para apenas 891 em poucos meses. Essa redução de 42,5% impacta diretamente a ajuda destinada a países em desenvolvimento, especialmente na África, que já recebe uma fatia cada vez menor da ajuda global.
Aumento da Dívida e Seus Efeitos
Os países em desenvolvimento enfrentam uma pressão crescente devido à dívida externa, que representa apenas um terço da dívida global, mas que consome uma parte significativa de seus orçamentos. Em 2024, esses países gastaram cerca de 921 bilhões de dólares para cumprir suas obrigações financeiras. O pagamento de juros está comprometendo serviços essenciais, com 3,4 bilhões de pessoas vivendo em nações que gastam mais em juros do que em educação e saúde.
A situação é crítica, especialmente para os 61 países que destinam mais de 10% de seus orçamentos ao pagamento de juros. A África, maior receptora de ajuda, viu sua participação na ajuda global cair de 38% em 2013 para 27% em 2023. Com os cortes previstos, a situação pode se agravar ainda mais, já que a USAID representa 20% da ajuda ao desenvolvimento no continente.
Os principais doadores europeus também estão ajustando seus orçamentos, prevendo aumentos em gastos militares. Alemanha e França já anunciaram cortes de 10% e 18,6%, respectivamente, em suas ajudas à África. A crescente pressão da dívida, combinada com a redução da ajuda, coloca os países em desenvolvimento em uma posição vulnerável, forçando-os a priorizar o pagamento a credores em detrimento de serviços essenciais.
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