06 de jul 2025
Companhias chinesas adquirem minas para assegurar suprimentos essenciais ao mundo
Empresas de mineração chinesas intensificam aquisições no exterior, buscando garantir acesso a matérias primas em meio a tensões geopolíticas.

Aciaria da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), onde é feita a transformação de ferro líquido em aço líquido, em Volta Redonda (RJ); empresa tem China entre clientes (Foto: Antônio Gaudério - 8.set.2006/Folhapress)
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As aquisições de empresas de mineração chinesas no exterior alcançaram um patamar recorde em 2022, com 10 negócios superiores a US$ 100 milhões. Esse movimento reflete uma estratégia proativa das mineradoras diante da crescente tensão geopolítica. Os dados da S&P e da Mergermarket indicam que este foi o maior volume de transações desde 2013.
A demanda da China por matérias-primas, onde é o maior consumidor global, impulsionou esse aumento. Uma pesquisa do Griffith Asia Institute confirma que o ano passado foi o mais ativo para investimentos chineses em mineração e construção fora do país. Analistas apontam que essa corrida por aquisições é uma resposta à deterioração do clima geopolítico, que torna a China menos desejável como investidora em países como Canadá e EUA.
Estratégias e Tendências
Michael Scherb, fundador do grupo de private equity Appian Capital Advisory, destacou que as empresas chinesas estão aproveitando uma "janela de curto prazo" para realizar fusões e aquisições antes que as condições se tornem mais desafiadoras. A Zijin Mining, por exemplo, anunciou planos para adquirir uma mina de ouro no Cazaquistão por US$ 1,2 bilhão.
Os investimentos em mineração e recursos continuam elevados, alinhando-se à transição da China para a manufatura de alta tecnologia, como baterias e energia renovável. Christoph Nedopil, do Griffith Asia Institute, observa que a sofisticação nas estratégias de investimento tem aumentado, permitindo que empresas chinesas adquiram ativos de rivais ocidentais.
Desafios e Oportunidades
Os grupos de mineração chineses, como CMOC, MMG e Zijin Mining, estão se posicionando para aproveitar o nacionalismo de recursos em países africanos, onde governos militares buscam maior controle sobre ativos de mineração. Timothy Foden, advogado especializado, afirma que as empresas chinesas estão dispostas a aceitar acordos menos lucrativos em troca da administração dos ativos.
A crescente cautela de países ocidentais em relação ao investimento chinês em mineração reflete a natureza estratégica de muitos minerais. Adam Webb, da Benchmark Mineral Intelligence, ressalta que a China está fazendo acordos para manter o Ocidente afastado de materiais críticos que domina, especialmente no setor de lítio.
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