Economistas analisam impactos da inflação, dólar e emprego no PIB brasileiro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto. Essa medida gera preocupações significativas sobre o impacto na economia do Brasil, especialmente no PIB e na inflação.

Estudos do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) indicam que as tarifas podem resultar na perda de 110 mil empregos e uma redução de R$ 19,2 bilhões no PIB. Os setores mais afetados incluem o agropecuário, que pode perder cerca de 40 mil postos de trabalho, e o comércio, com uma expectativa de 31 mil demissões.

Impacto Econômico

As projeções apontam que as exportações brasileiras para os EUA podem cair em R$ 52 bilhões, enquanto as importações devem encolher em R$ 33 bilhões. A economista Zeina Latif acredita que o impacto no crescimento econômico não será tão significativo, mas a incerteza persiste. A possibilidade de uma desvalorização do real pode pressionar ainda mais a inflação, dificultando a redução da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano.

A XP estima que as tarifas podem levar a uma queda nas exportações para os EUA de US$ 6,5 bilhões em 2025 e US$ 16,5 bilhões em 2026. Embora as exportações para os EUA representem apenas 1,9% do PIB, cerca de 40% desse total é composto por produtos manufaturados, que têm baixa possibilidade de redirecionamento para outros mercados.

Desafios para o Setor Produtivo

As tarifas representam um novo desafio para as empresas brasileiras, especialmente aquelas que dependem do mercado americano. Theo Braga, CEO da SME The New Economy, destaca que o aumento das barreiras comerciais pode frear investimentos e exigir mais criatividade das empresas. O fortalecimento do ecossistema interno, com acesso a crédito e políticas de inovação, é considerado essencial.

Além disso, o impacto nos fluxos de caixa e na capacidade de captação de recursos será significativo, especialmente para empresas de médio porte. O cenário se torna ainda mais desafiador para startups e empresas de base tecnológica, que precisam de respostas inovadoras para manter a competitividade em meio a tensões geopolíticas.