Inflation em fevereiro traz boas notícias, mas Fed deve manter juros inalterados

Os dados de inflação de fevereiro, divulgados esta semana, trouxeram notícias encorajadoras à primeira vista. No entanto, por trás dos números, há indícios que podem manter o Federal Reserve em espera quanto à taxa de juros. Embora os índices de preços ao consumidor e ao produtor tenham ficado abaixo do esperado, isso pode não se refletir na principal medida utilizada pelo Fed para avaliar a inflação. Economistas de Wall Street alertam que, devido a cálculos complexos e tendências em áreas-chave, os formuladores de políticas não devem se sentir confortáveis com esses números. Stephen Juneau, economista do Bank of America, afirmou que "o progresso na inflação começou 2025 com o pé esquerdo".

Os mercados também parecem concordar com essa perspectiva. Traders atribuem praticamente nenhuma probabilidade a um corte na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto e apenas cerca de 25% de chance de uma redução em maio, segundo cálculos do CME Group. O Fed considera o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE), especialmente o núcleo que exclui alimentos e energia, como uma visão mais abrangente das tendências de preços. Esse índice reflete melhor o que os consumidores estão comprando, ao contrário dos preços de bens e serviços individuais.

A expectativa é que a leitura mais recente do PCE, programada para ser divulgada ainda este mês, mostre a inflação anual em 2,6%, ou até mesmo um leve aumento, distanciando-se da meta de 2% do Fed. O relatório do PPI, que mede os custos no atacado, confirmou preocupações de que a impressão de inflação de fevereiro poderia resultar em um PCE mais elevado do que o esperado. Krishna Guha, da Evercore ISI, destacou que a inflação do PCE deve ser "irregular e instável", com áreas como cuidados hospitalares e transporte aéreo elevando os preços.

Embora as previsões para março sejam de uma leitura "muito mais favorável", com a Citi prevendo um possível retorno dos cortes de taxa pelo Fed em maio, a situação atual ainda é preocupante. Combs, economista da Pantheon Macroeconomics, prevê que a inflação do núcleo do PCE em fevereiro será de 2,8%, um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro. Apesar de o índice de preços ao consumidor mostrar uma inflação central de 3,1%, a menor desde abril de 2021, muitos analistas acreditam que a inflação pode recuar além de fevereiro, mesmo com o impacto das tarifas.