Dólar cai para menor valor desde abril de 2022 com especulações sobre o Fed

O dólar apresentou uma queda significativa nesta quinta-feira, 26, atingindo o menor patamar desde abril de 2022. A desvalorização da moeda americana, que já acumula mais de 8% de recuo no ano, foi impulsionada pela possibilidade de Donald Trump indicar um novo presidente para o Federal Reserve (Fed) até o final do ano.

A expectativa de uma mudança na liderança do banco central elevou as apostas de cortes nas taxas de juros, impactando diretamente o valor do dólar. O índice da Bloomberg, que mede o desempenho da moeda, registrou uma desvalorização de 0,4%. Com a especulação de que o sucessor de Jerome Powell será mais favorável a juros baixos, os operadores passaram a projetar um alívio de 66 pontos-base até o fim de 2025, um aumento em relação aos 51 pontos-base previstos na semana anterior.

Expectativas do Mercado

Matthew Haupt, gestor da Wilson Asset Management, destacou que essa situação reduz a influência de Powell, fazendo com que o foco se desloque para o próximo presidente do Fed. A moeda americana caiu frente a todas as principais divisas globais, com Taiwan, Coreia do Sul e África do Sul se destacando com os maiores ganhos. Ignatius Pang, chefe de câmbio do Union Bancaire Privée, alertou que, apesar da baixa, o dólar pode ter momentos de valorização pontuais, sugerindo que esses momentos devem ser aproveitados para diversificação de investimentos.

Os nomes mais cotados para substituir Powell incluem Kevin Warsh, atual governador do Fed, e Kevin Hassett, ex-diretor do Conselho Econômico Nacional. Trump mencionou que considera "três ou quatro" candidatos para a função, embora o mandato de Powell termine apenas em maio de 2026. A pressão sobre o atual presidente do Fed, que enfrenta críticas de Trump por sua postura em relação aos juros, deve aumentar, conforme analistas do National Australia Bank.

Cenário Econômico

Além das questões políticas, o dólar e os títulos do Tesouro americano enfrentam um cenário de menor atratividade devido à expansão do déficit fiscal e incertezas sobre tarifas comerciais. A perspectiva de uma nomeação antecipada para o Fed pode aumentar as chances de cortes nas taxas já em julho, em vez de setembro, como era esperado anteriormente. Mark Cranfield, estrategista, avaliou que isso pode levar o mercado a considerar uma redução de 25 pontos-base na reunião de julho.