01 de fev 2025
Reciclagem: dois milhões de famílias dependem do trabalho de coleta de resíduos na América Latina
Apenas 5% dos resíduos na América Latina é reciclado; 2% dos municípios têm programas. Líderes do setor pedem valorização dos recicladores, que enfrentam rejeição social. Silvio Ruíz destaca que separação correta melhora a qualidade do material reciclado. Luis Miguel Artieda defende remuneração justa para recicladores, como na limpeza pública. Reconhecimento legal em países como Colômbia melhora condições de trabalho dos recicladores.
"Uma pessoa do projeto 'Atitlán Recicla' recolhe lixo na Guatemala, em julho de 2024. (Foto: Sandra Sebastián)"
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A separação de resíduos ainda é um desafio na América Latina, onde apenas 5% dos mais de 200 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente são reciclados. Somente 2% dos municípios da região possuem programas de reciclagem. O reconhecimento social dos recicladores, que sustentam mais de dois milhões de pessoas, poderia impulsionar esses números. Silvio Ruíz Grisales, da Associação Colombiana de Recicladores, destaca que a falta de separação adequada torna o trabalho dos recicladores perigoso e mal visto.
Os recicladores enfrentam condições difíceis, com 90% deles atuando de forma informal. Luis Miguel Artieda, da Fundação Avina, aponta que o reciclaje deve ser visto como um modelo de triple impacto: ambiental, econômico e social. Ele questiona por que a sociedade paga pela coleta de lixo, mas não pela recuperação de materiais. Em países como a Colômbia, a luta por reconhecimento levou a avanços, como a decisão da Corte Constitucional de 2016 que protege os recicladores como uma população vulnerável.
A remuneração dos recicladores é um ponto crítico. O valor pago por resíduos recicláveis é baixo, com o quilo de vidro custando apenas um centavo de dólar. Isso resulta em uma renda diária entre três e quatro dólares, insuficiente para sustentar uma família. A pressão do mercado faz com que o plástico reciclado seja mais caro que o virgem, dificultando a viabilidade econômica do setor. Silvio Ruiz ressalta que, enquanto as empresas buscam cumprir metas de reciclagem, muitos recicladores ainda enfrentam a pobreza estrutural.
A luta por melhores condições e reconhecimento continua. A formalização do trabalho dos recicladores e a revisão dos preços pagos por materiais recicláveis são essenciais para transformar o cenário atual. A conscientização sobre o valor do trabalho dos recicladores e a necessidade de um sistema de reciclagem mais eficiente são fundamentais para melhorar a situação na América Latina.
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