Cuba enfrenta desafios climáticos e econômicos que afetam a produção de tabaco

Cuba, conhecida por seus charutos de alta qualidade, enfrenta desafios significativos na produção de tabaco, especialmente na região de Viñales. Mudanças climáticas e a escassez de turistas têm impactado a economia local e a produção agrícola. O governo cubano busca alternativas, como o melhoramento genético do tabaco.

Os produtores de tabaco, que vendem 80% de sua produção ao governo, relatam dificuldades devido à irregularidade das chuvas e ao aumento do nível do mar. José Ignácio, agricultor local, destaca que a previsão do clima se tornou incerta, forçando o uso de bombas para irrigação. Ele também menciona a importância do turismo para sua renda, oferecendo charutos artesanais aos visitantes.

A situação climática não afeta apenas Cuba, mas também a produção global de tabaco. Os preços do tabaco subiram, atingindo o valor mais alto desde 2013, devido a fenômenos climáticos como La Niña e El Niño. O preço médio do tabaco para exportação aumentou de US$ 4 para US$ 6 por quilo nos últimos anos.

Impactos das Mudanças Climáticas

Na província de Pinar del Río, onde o tabaco é cultivado, a seca aumentou em 47% de novembro de 2024 a janeiro de 2025. Dados do Instituto de Meteorologia da República de Cuba (INMET) indicam que as variações de temperatura e umidade estão causando estresse hídrico nas plantas. O aumento da salinidade do solo, devido à intrusão de água do mar, também compromete a qualidade do tabaco.

O governo cubano está implementando medidas para mitigar esses efeitos, incluindo o uso de adubos verdes e produtos biológicos. Apesar das dificuldades, a estatal Habanos, responsável por marcas renomadas como Cohiba e Montecristo, registrou um lucro recorde de US$ 827 milhões no último ano.

Desafios Econômicos e Turísticos

A província de Pinar del Río, a cerca de 170 quilômetros de Havana, enfrenta não apenas problemas climáticos, mas também uma crise econômica que reduz o número de turistas. Em 2024, Cuba recebeu cerca de dois milhões de visitantes, abaixo da meta de três milhões. Essa diminuição impacta diretamente a renda dos agricultores, que dependem do turismo para complementar sua produção.

Adrián Serrano Junco, guia local, observa que a crise econômica e a escassez de recursos dificultam a adaptação dos produtores. A falta de turistas pode levar a uma redução na produção de tabaco, já que os agricultores precisam cortar despesas e podem até reduzir a mão de obra.

O governo cubano continua a trabalhar em soluções para enfrentar esses desafios, mas a pressão sobre a produção de tabaco e a economia local permanece alta.