Tarifas de Trump ameaçam indústria de autopeças e empregos em Windsor, no Canadá

A guerra tarifária iniciada pelo presidente Trump impactou severamente a indústria automobilística em Windsor, Ontário. Recentemente, cerca de 12 mil trabalhadores do setor de autopeças foram demitidos devido à imposição de tarifas de 25% sobre automóveis e peças, gerando incertezas sobre o futuro das fábricas na região.

Sindicalistas locais, como Pauline Ridley e Colleen Barrette, expressaram preocupação, afirmando que sem os fabricantes de autopeças, Windsor se tornaria “uma cidade fantasma”. A cidade, conhecida como a capital da fabricação de automóveis do Canadá, abriga cerca de 100 fábricas de autopeças, que empregam aproximadamente 9 mil trabalhadores, em comparação com as 5,4 mil pessoas que trabalham nas montadoras.

Na KB Components, onde Ridley é presidente do sindicato, cerca de 100 demissões ocorreram, reduzindo o número de funcionários para quase 400. A empresa fornece peças plásticas para montadoras como Toyota e Ford. Flavio Volpe, presidente da Associação dos Fabricantes de Peças Automotivas, destacou que as demissões são uma resposta direta às tarifas, que afetam desproporcionalmente as pequenas empresas do setor.

Impacto nas Pequenas Empresas

As pequenas fábricas de autopeças enfrentam desafios financeiros maiores que as montadoras, que possuem maior capacidade de absorver os impactos das tarifas. Ridley descreveu a situação como um “caos total”, ressaltando a necessidade de um comércio equilibrado. A história da indústria automobilística em Windsor remonta a 1904, quando Henry Ford estabeleceu a Ford Motor Company of Canada para evitar tarifas canadenses.

Colby Wu, coproprietário da Stratus Plastics, relatou dificuldades financeiras, incluindo a necessidade de hipotecar propriedades para manter a operação da empresa. Ele mencionou que a incerteza sobre as tarifas dificulta a venda para empresas americanas, que não conseguem prever os custos finais.

Preocupações Futuras

As sindicalistas Ridley e Barrette estão preocupadas com a possibilidade de mais fábricas e empregos serem transferidos para os Estados Unidos devido às tarifas. Recentemente, um tribunal ordenou que um sindicato parasse de bloquear a saída de máquinas de uma fábrica local, que buscava evitar tarifas ao operar nos EUA.

A situação em Windsor reflete um cenário mais amplo de incerteza na indústria automobilística canadense, com trabalhadores e empresários temendo por seus empregos e a continuidade das operações. A luta contra as tarifas e a defesa da indústria local continuam a ser prioridades para a comunidade.