Deserto do Atacama ganha nova vida com campanha de reuso de roupas descartadas

O deserto do Atacama, no Chile, recebe anualmente cerca de 40 mil toneladas de roupas descartadas de marcas de fast fashion, principalmente dos Estados Unidos e da Europa. Para enfrentar essa situação, foi lançada a campanha Atacama RE-commerce, que visa resgatar essas peças e promover a economia circular.

A iniciativa permite que as roupas sejam selecionadas, limpas e restauradas, sendo disponibilizadas em uma loja online onde o único custo para o consumidor é o frete. Essa ação é resultado de uma parceria entre várias empresas e a ONG Desierto Vestido, que atua na conscientização sobre os impactos do consumismo no setor têxtil.

Jean Karla Zambrana Avilés, cofundadora da Desierto Vestido, destaca que a organização trabalha na região há cinco anos, buscando soluções para o problema do descarte excessivo. “Quando vimos as imagens daquele mar de roupas descartadas, entendemos que não se tratava apenas de um problema ambiental, mas de um símbolo extremo da crise do fast fashion,” afirma Pedro Maneschy, diretor de criação da Artplan, agência responsável pela campanha.

Economia Circular e Conscientização

A campanha Atacama RE-commerce busca transformar a percepção das roupas descartadas em recursos valiosos. “Cada compra feita limpa o deserto, envolve o consumidor e desafia os excessos da indústria da moda,” explica Maneschy. Mariano Gomide de Faria, CEO da Vtex, ressalta que a missão é resgatar itens e promover a conscientização sobre o consumismo exacerbado.

A colaboração entre a Desierto Vestido e a Artplan já resultou em um desfile de moda ao ar livre, onde foram apresentados looks feitos a partir de peças recolhidas do deserto. A primeira coleção se esgotou em cinco horas, com mais de 200 mil pessoas se registrando para novos lançamentos.

Futuro da Iniciativa

Após o sucesso inicial, a campanha está sendo ampliada com a parceria da Universidade do Chile, visando desenvolver um modelo de longo prazo. O objetivo é gerar renda local, substituir o trabalho voluntário por empregos e aumentar o impacto ambiental e social do projeto. A iniciativa não apenas resgata roupas, mas também promove uma reflexão sobre o consumo consciente e os desafios da moda sustentável.