17 de jun 2025


Leilão de petróleo arrecada R$ 1 bilhão a mais e agrada ambientalistas e mercado
Leilão da ANP arrecada R$ 989,26 milhões, mas apenas 34 blocos são arrematados; cautela do mercado reflete incertezas jurídicas e ambientais.
Protesto contra leilão da ANP, que vai licitar 172 blocos para exploração de petróleo, dos quais 63 na Margem Equatorial (Foto: Guito Moreto)
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Terminado o leilão de petróleo da Agência Nacional de Petróleo (ANP) nesta terça-feira, o resultado gerou reações mistas entre o mercado e ambientalistas. Dos 172 blocos oferecidos, apenas 34 foram arrematados, resultando em um bônus exploratório de R$ 989,26 milhões, com um ágio de 534,47%. Para o mercado, o desempenho foi considerado razoável, mas a incerteza jurídica sobre muitas áreas, especialmente as ambientalmente sensíveis, continua a ser um fator limitante.
A litigância em torno dos blocos foi um tema central. Apenas 23 dos 118 blocos litigados foram adquiridos, o que, segundo Juliano Bueno, diretor técnico do Instituto Internacional Arayara, representa um sucesso de 80,5% na mobilização contra a exploração em áreas críticas. Bueno destacou que a vitória é parcial, pois a luta jurídica continuará para impedir a assinatura de contratos em regiões como o Alto Xingu e a Costa Amazônica.
Desafios e Oportunidades
O ex-diretor da ANP, Helder Queiroz, observou que a cautela das empresas em relação aos investimentos está aumentando, especialmente em função das questões ambientais. Ele ressaltou que a falta de previsibilidade no retorno dos investimentos é um entrave significativo. "A Margem Equatorial, por exemplo, foi licitada em 2013 e ainda não saiu do papel," afirmou Queiroz, enfatizando a necessidade de um controle mais eficaz sobre os prazos de avaliação.
A pressão internacional e a sobreposição de blocos com áreas de conservação e terras indígenas foram fatores que levaram investidores a se absterem de fazer ofertas em regiões críticas. Nenhum bloco próximo a Fernando de Noronha ou em áreas de influência direta de terras indígenas foi arrematado.
Perspectivas Futuras
O leilão arrecadou um montante superior ao ciclo anterior, que foi de R$ 422 milhões. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou a importância do resultado para evitar cortes nas contas públicas. A diretora-geral interina da ANP, Patrícia Baran, considerou o resultado "extremamente positivo", com a participação de nove empresas.
Os blocos não arrematados retornarão à oferta permanente, podendo ser retirados caso surjam novas restrições. O governo continua a insistir na exploração de petróleo, mesmo diante das críticas sobre os impactos climáticos, o que levanta questões sobre a sustentabilidade das políticas energéticas do Brasil.
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