Museu Nacional recebe R$ 1,1 milhão em doação para recuperação de acervo

O incêndio na Catedral de Notre-Dame, ocorrido recentemente, gerou uma onda de solidariedade na França, contrastando com a situação do Museu Nacional no Brasil, que também enfrentou um incêndio devastador em 2018. O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, expressou sua esperança por doações significativas, ressaltando a importância do acervo perdido, que inclui itens únicos como o crânio de Luzia.

Desde o incêndio, a Associação dos Amigos do Museu recebeu R$ 15 mil de pessoas jurídicas e R$ 142 mil de pessoas físicas. A maior doação individual foi de R$ 20 mil, possivelmente de um cientista vinculado ao museu. O Museu Nacional também recebeu R$ 150 mil do British Council e cerca de R$ 800 mil do governo da Alemanha, que podem chegar a R$ 4,4 milhões. A reconstrução do museu está estimada em R$ 100 milhões.

Kellner comentou sobre a diferença na resposta da sociedade brasileira em comparação à francesa. "Essa onda de solidariedade na França me deixa agradavelmente surpreso e me dá esperança de que aqui também os milionários brasileiros façam doações", afirmou. Ele destacou que o Brasil não percebe a magnitude da perda, que abrange uma coleção de 20 milhões de itens, incluindo biodiversidade, animais extintos e peças de tribos indígenas.

Entre os itens valiosos do acervo estava o crânio de Luzia, o ser humano mais antigo das Américas, com cerca de 11 mil anos, recuperado dos escombros. No entanto, toda a coleção de múmias egípcias foi completamente perdida no incêndio. Arqueólogos do Museu Nacional continuam trabalhando na recuperação de peças entre os escombros.

Kellner também mencionou que, ao contrário de países como a França, onde doações podem ser deduzidas do Imposto de Renda, no Brasil essa prática não é comum. "Essa é uma questão que o Brasil deveria rever", disse. Ele observou que a cultura de filantropia nos Estados Unidos, onde ele fez doutorado, é incentivada por benefícios fiscais.