02 de jul 2025


PCC utiliza postos de gasolina e igrejas para lavar dinheiro em diversos setores
PCC expande operações internacionais e infiltra setores da economia, levantando preocupações sobre lavagem de dinheiro e crime organizado.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya: "Sim, o PCC hoje está na economia formal". (Foto: Stephanie Fonseca/Estadão)
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Quase 32 anos após sua fundação na Casa de Custódia de Taubaté (SP), o Primeiro Comando da Capital (PCC) se expandiu para 28 países, incluindo Turquia e Japão. A facção, que começou com o tráfico de drogas local, agora utiliza empresas legítimas para lavar dinheiro do tráfico internacional, conforme revelam investigações do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).
O promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), destacou que o PCC está infiltrado em 13 setores da economia. "As empresas que eles administram não são mais de fachada como uma década atrás", afirmou Gakiya durante um seminário na USP. As investigações indicam que a facção mescla lucros legítimos com dinheiro do tráfico, especialmente da cocaína, que chega a custar US$ 150 mil o quilo na Ásia.
A facção começou a lavar dinheiro há dez anos, inicialmente adquirindo postos de gasolina e agências de automóveis. Com o tempo, expandiu seus investimentos para empresas de construção, casas de câmbio no Paraguai e, mais recentemente, bancos digitais e fintechs. O PCC também se infiltrou em setores como transporte público, mineração, jogos de azar e até futebol.
Expansão Internacional
O PCC não se limita ao Brasil. Com mais de 2 mil integrantes fora do país, a facção tem forte presença em Paraguai, Venezuela e Bolívia. A cocaína exportada pelo PCC provém principalmente da Bolívia, Peru e Colômbia, com rotas que frequentemente levam à África e Europa. A Operação Narco Vela da Polícia Federal investiga essa complexa logística, que inclui o uso de veleiros e lanchas supervelozes.
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que o crime organizado no Brasil movimenta mais dinheiro com a venda irregular de combustível, ouro e cigarro do que com o tráfico de cocaína. Nesse cenário, Gakiya busca convencer o governo federal a aprovar uma lei antimáfia que crie uma agência federal para centralizar o combate à lavagem de dinheiro e à atuação de organizações criminosas.
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