França impõe multa de R$ 254 milhões à Shein por práticas enganosas

A França impôs uma multa recorde de € 40 milhões (aproximadamente R$ 254 milhões) à Shein, gigante do comércio eletrônico, por práticas comerciais enganosas. A penalização foi anunciada nesta quinta-feira e resulta de uma investigação que durou quase um ano, focando em manipulação de preços e alegações ambientais.

A Autoridade Francesa de Concorrência e Antifraude (DGCCRF) revelou que a Shein aumentou preços antes de oferecer descontos, criando a falsa impressão de ofertas vantajosas. Em 11% dos casos analisados, os descontos eram, na verdade, aumentos disfarçados. Além disso, em 57% das promoções, não houve redução real de preços, e em 19%, a diminuição foi menor do que o anunciado.

Impacto da Multa

A multa ocorre em um contexto de crescente pressão na França e na Europa contra as práticas de "ultra-fast fashion", que geram preocupações sobre o impacto econômico e ambiental. O Parlamento francês está debatendo novas legislações para regular o setor e combater práticas enganosas.

A Shein, que se destacou no mercado francês desde sua entrada em 2015, aceitou a multa proposta no acordo com o Ministério Público. A empresa é frequentemente criticada por sua contribuição à poluição ambiental e por condições de trabalho questionáveis.

Desdobramentos e Futuro

Apesar das dificuldades regulatórias, a Shein continua a apresentar resultados financeiros positivos. Em 2023, a empresa reportou um lucro de US$ 2 bilhões, mais que o dobro do ano anterior. A previsão é que sua receita anual atinja US$ 58,5 bilhões em 2025, superando as receitas combinadas de Inditex e H&M.

No Brasil, a Shein está investindo R$ 750 milhões para fortalecer a produção local e parcerias, com o objetivo de que 85% das vendas sejam de produtos ou vendedores locais até 2026. A multa na França destaca a necessidade de maior regulamentação no setor de moda rápida, que enfrenta crescente escrutínio na Europa.