Festival de Curitiba explora a velhice em quatro peças com diferentes abordagens

O Festival de Curitiba, em 2024, destaca a temática do envelhecimento com o Eixo Ancestral, uma programação que inclui quatro peças que abordam a terceira idade sob diferentes perspectivas. Simone de Beauvoir já afirmava que “a velhice é o último tabu”, e essa reflexão se torna ainda mais relevante em uma cidade onde a projeção é que 21,9% da população será de idosos até 2030, superando a média nacional de 18,73%.

Entre os espetáculos, "Homens pink", de Renato Turle, utiliza depoimentos de senhores gays para explorar questões de memória e ancestralidade na comunidade LGBTQIA+. A peça é baseada em entrevistas com homens acima de 65 anos, que compartilham suas experiências de envelhecimento e solidão. Turle destaca que a epidemia da Aids causou uma ruptura geracional, resultando em uma juventude que desconhece a história de seus antecessores.

Outra atração, "Bom dia, eternidade", da companhia O Bonde, narra a vida de quatro irmãos negros que enfrentaram o despejo na infância e agora lidam com a restituição de um terreno após quase 60 anos. O dramaturgo Jhonny Salaberg enfatiza as dificuldades que homens negros enfrentam para alcançar a velhice no Brasil, ressaltando os desafios sociais e econômicos que permeiam suas histórias.

Por fim, "A velocidade da luz", do argentino Marco Canale, e "O fim é outra coisa", com a atriz Zora Santos, também fazem parte da programação. Daniele Sampaio, uma das curadoras do festival, observa que a falta de políticas públicas para a terceira idade torna o envelhecimento um tema urgente e necessário de ser discutido, refletindo sobre a construção das cidades que não consideram as necessidades dos idosos.