'Versão moderna de 'Rei Lear' ganha rock e luzes no Irã'

Teatro iraniano ganha nova vida com "Rei Lear" atualizado

Em Teerã, a dramaturga Elika Abdolrazzaghi traz uma nova abordagem ao clássico "Rei Lear", de Shakespeare, misturando elementos modernos e música rock. A peça, que atrai um público jovem, é uma resposta à censura enfrentada por artistas no Irã.

A encenação, que conta com figurinos vibrantes e uma banda ao vivo, explora temas universais como poder e traição. Abdolrazzaghi, conhecida por seu trabalho no teatro, afirma que a modernização da obra é essencial para engajar o público. "Se eu tivesse encenado a versão original, teria sido muito pesada para o público", explica.

A trilha sonora inclui canções de bandas como Muse e Rammstein, adaptadas para o persa. Os figurinos, inspirados na moda tradicional, são ornamentados e coloridos, criando uma atmosfera festiva que contrasta com o enredo sombrio da peça. "Transformei muitas partes da peça em movimento, imagens, música e dança", destaca a diretora.

A recepção do público

Com quase 100 integrantes, a companhia de Abdolrazzaghi trabalhou meses na produção. O ator Ahmad Saatchian, que interpreta Lear, considera o papel uma das maiores oportunidades de sua carreira. "Dramas como este são universais e tocam pessoas do mundo todo", afirma.

A peça aborda disputas políticas e jogos de poder, temas que ressoam especialmente em países com experiências políticas semelhantes ao Irã. O público, como o engenheiro Amin, ficou impressionado com a performance. "Não achávamos que conseguiríamos aguentar duas horas de espetáculo, mas foi muito bom", comenta.

Abdolrazzaghi acredita que as autoridades iranianas não impõem restrições à produção de obras estrangeiras. "O teatro é essencialmente um fenômeno ocidental e também uma forma de arte jovem no Irã", conclui. A nova versão de "Rei Lear" não apenas desafia a censura, mas também reinventa a forma como Shakespeare é apresentado no país.