Marcos Siqueira retrata a Serra do Cipó com poesia e memória em nova obra

Marcos Siqueira, artista mineiro, apresenta sua nova exposição "Equilíbrio Infinito" na Galeria Mitre, em São Paulo. A mostra, que ficará em cartaz até 31 de julho, reúne obras que exploram visões oníricas e a beleza da Serra do Cipó, utilizando pigmentos naturais.

A obra sem título que retrata sete pessoas em uma rede sob um céu estrelado é uma das principais atrações. Siqueira descreve a experiência de deitar no chão do Cipó à noite, onde o céu se torna o chão e as estrelas podem ser tocadas. "Quando você está em um lugar com esse horizonte, sua cabeça vai além do escuro", afirma o artista.

Outras obras da exposição evocam memórias de infância, como a pintura de um menino subindo nos ombros de outro para trocar uma lâmpada. Essa cena é inspirada nas lembranças de Siqueira com seus irmãos, mas ganha um toque poético e encantado. O artista destaca que suas obras refletem o cotidiano da Serra do Cipó, onde ele tem uma profunda conexão.

Conexão com a Natureza

Siqueira, que já atuou como guia pelo cerrado e fundou um coletivo de preservação, considera que seu tempo na natureza foi sua verdadeira educação artística. "Percebia a beleza em uma folha caída, num galho retorcido", diz ele. Sua especialização em análise de solos também contribuiu para sua formação estética, ao observar as diferentes cores da terra.

As obras da exposição são compostas por tons terrosos, como amarelos e marrons, resultantes da mistura de terra e cola. Siqueira sempre teve uma relação íntima com a terra, lembrando de sua infância ao brincar com argila. "A ideia de pigmentar com a terra já existia", comenta.

A curadora Fabiana Lopes ressalta que a formação do artista se deu de maneira singular, sem educação formal em estúdio, mas através de suas experiências práticas. A exposição "Equilíbrio Infinito" é uma oportunidade para conhecer a visão única de Marcos Siqueira sobre a Serra do Cipó e suas memórias.