22 de mai 2025

Cineastas iranianos se enfrentam em Cannes com dois filmes concorrendo à Palma de Ouro
Jafar Panahi apresenta "It was just an accident" em Cannes, enquanto "Woman and child" gera polêmica entre cineastas iranianos exilados.
Foto:Reprodução
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Jafar Panahi, cineasta iraniano, apresenta seu novo filme, It was just an accident, no Festival de Cannes deste ano. O diretor, que já enfrentou censura e prisão, traz à tona a história de ex-prisioneiros políticos e seus torturadores. Em 2011, Panahi exibiu Isto não é um filme em Cannes, escondido em um pendrive dentro de um bolo, enquanto estava em prisão domiciliar.
A exibição de Woman and child, de Saeed Roustaee, gera controvérsia entre cineastas iranianos exilados, que o acusam de ser uma propaganda do regime. O filme, que estreia na competição pela Palma de Ouro, retrata a vida de uma enfermeira viúva em conflito com seu filho rebelde. A Associação Iraniana de Cineastas Independentes (IIFMA) criticou a participação do filme, alegando que foi produzido sob as regras do governo iraniano.
Roustaee, que enfrentou problemas legais por seu trabalho anterior, defende seu filme como uma representação da luta de uma mulher contra um sistema patriarcal. Ele afirma que Woman and child é uma obra independente, apesar das restrições impostas pela censura. O diretor destaca que obteve autorização do governo para realizar o projeto, permitindo que sua história fosse contada.
A divisão entre cineastas iranianos expõe um dilema no Festival de Cannes, que historicamente apoia diretores dissidentes. Mohammad Rasoulof, cineasta exilado, defende Roustaee, afirmando que há uma diferença entre filmes de propaganda e aqueles feitos sob censura. Rasoulof critica a pressão sobre cineastas que tentam trabalhar fora do sistema oficial, ressaltando que isso compromete a liberdade artística.
Panahi, que foi liberado da prisão no ano passado, afirma que sua experiência na cadeia influenciou It was just an accident. O filme, filmado em segredo no Irã, apresenta personagens femininas sem o hijab, desafiando as leis teocráticas. Rasoulof observa que a estética da opressão molda o cinema iraniano, refletindo a vigilância e repressão que permeiam a sociedade.
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