Jafar Panahi é recebido com aclamação ao retornar ao Irã após vitória em Cannes

O cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi foi recebido com entusiasmo em Teerã nesta segunda-feira (26), após conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes por seu filme "Um Simples Acidente". A obra, que critica o regime dos aiatolás, foi filmada clandestinamente e aborda a história de cinco iranianos que confrontam um homem que acreditam ter os torturado na prisão.

Panahi, de 64 anos, temia represálias ao retornar ao Irã, mas chegou ao aeroporto sem incidentes. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o cineasta sendo aplaudido por apoiadores, que entoavam o lema "Mulher, Vida, Liberdade", símbolo do movimento de protesto que desafiou as autoridades iranianas nos últimos anos.

Recepção e Reações

Ao sair do aeroporto, Panahi foi saudado por mais simpatizantes, conforme relatado por Mehdi Naderi, um diretor iraniano, em suas redes sociais. O cineasta sorriu, acenou e recebeu flores, em contraste com a fria recepção da mídia estatal e dos dirigentes do país. Embora sua vitória tenha sido mencionada pela imprensa oficial, a cobertura foi escassa e gerou um conflito diplomático com a França.

O Irã convocou o encarregado de negócios francês em Teerã para protestar contra comentários do chanceler francês, Jean-Noël Barrot, que criticou o regime iraniano. Panahi, que já foi preso duas vezes, não participava de festivais internacionais há 15 anos e conseguiu ir a Cannes pela primeira vez nesse período.

Contexto e Significado

"Um Simples Acidente" é mais uma prova da resistência de Panahi contra a opressão no Irã. O cineasta, que já enfrentou diversas perseguições, continua a usar sua arte como forma de protesto. Sua recepção calorosa em Teerã reflete o apoio popular que ele mantém, mesmo diante da repressão do governo.