22 de mai 2025
Panchiko: A banda que reviveu graças a internet
Após 20 anos fora do cenário, grupo britânico retorna, impulsionado por comunidades online
Personagem de mangá presente na capa do primeiro EP se tornou ícone da banda - Divulgação: Panchiko
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A internet é amplamente conhecida por sua capacidade de dar fama — seja ela boa ou ruim — a diversas pessoas, filmes, jogos e tudo que pode ser discutido. Quando falamos de música, essa rede de comunicação têm um papel fundamental não só na divulgação de faixas e artistas, mas também na forma como essa arte é apreciada, por meio de resenhas, críticas e até debates sobre álbuns e gêneros musicais.
Mas a internet também funciona como palco para redescobrir músicos, aumentar sua visibilidade após muito tempo ou até encontrar novas formas de consumir o que fizeram. Nesse cenário, uma banda de adolescentes do fim dos anos 90 se destaca, não por ter sido descoberta, mas por ter retornado do purgatório musical diretamente para os palcos e serviços de streaming. Essa é a história da banda Panchiko.
A BANDA
A banda de rock Panchiko nasceu em 1997, em Nottingham, na Inglaterra, quando quatro adolescentes ainda estudantes começaram a explorar o mundo da música com o que tinham à mão, movidos por um espírito jovem e inocente. Owain Davis era o vocalista principal, Andy Wright atuava como guitarrista e tecladista, Shaun Ferreday como baixista, e John, cujo paradeiro atual é desconhecido, era o baterista.
Durante sua trajetória, eles gravaram músicas de forma independente, até lançarem seu primeiro EP, intitulado “D>E>A>T>H>M>E>T>A>L”, em 2000 Foram feitas apenas 30 cópias, distribuídas entre familiares, amigos e membros da indústria musical – como gravadoras e críticos – para que pudessem analisar a obra dos garotos.
Os anos passaram, e a criação dos adolescentes não gerou o retorno esperado, fazendo com que a banda fosse se desfazendo lentamente em meio às cobranças da vida adulta. Mas, para surpresa dos britânicos, a banda voltaria a fazer parte de suas vidas décadas após seu primeiro lançamento.
HISTÓRIA DO RECOMEÇO
Em 2016, um usuário do fórum 4chan — onde discussões são feitas de forma anônima — postou uma foto do CD “D>E>A>T>H>M>E>T>A>L”, dizendo que o havia encontrado em um brechó da região e estava curioso para saber mais sobre a banda, já que buscas online não retornavam resultados e o grupo não parecia ser muito conhecido.
A partir disso, uma investigação começou, com membros interessados na história se reunindo no aplicativo de mensagens Discord para juntar todas as pistas que tinham e tentar encontrar a tal banda misteriosa. Eles usaram informações do disco, como os primeiros nomes dos integrantes, a data de lançamento e a capa, que foi retirada do mangá “Mint na Bokura”.
Apenas quatro anos depois, em 2020, a investigação chegou a um desfecho. Graças a um código presente na capa do CD, um usuário identificou a região onde ele teria sido originalmente encontrado: Sherwood, em Nottingham. Com essa informação e os nomes dos integrantes, a busca ficou mais fácil, e em pouco tempo conseguiram entrar em contato com Owain pelo Facebook.
O — até então ex-vocalista — entrou em contato com os outros membros após descobrir a fama que sua antiga banda havia ganhado na internet, com exceção de John, de quem não se tem informações. Em 16 de fevereiro de 2020, eles relançaram seu primeiro EP nas plataformas de streaming musical, agora remasterizado. Um ano depois, em 2021, voltaram à ativa com um show em Nottingham que atraiu mais de 400 pessoas e marcou a volta definitiva da banda aos holofotes do cenário indie.
EM PLENA ATIVIDADE
Hoje em dia, a banda continua ativa, agora com dois integrantes inéditos: Rob Harris e John Schofield, na guitarra e bateria, respectivamente. Desde o retorno, o grupo lançou três novos álbuns — Ferric Oxide (uma coletânea de demos gravadas entre 1997 e 2001),** Failed at Maths** e o mais recente, Ginkgo, lançado em 4 de abril de 2025.
A banda conta com mais de um milhão e meio de ouvintes mensais no Spotify, e o — agora ex-aposentado do mundo da música — vocalista Owain comentou em entrevista à Flaunt sobre o rumo do grupo após o lançamento de Failed at Maths: “Sinto que conseguimos captar algo do que Panchiko foi, mas é preciso continuar avançando. Ficar obcecado em resgatar o passado pode ser bastante limitante na hora de criar algo que reflita onde você está agora e pode restringir a criação de músicas que venham de um lugar genuíno.”
O grupo parece ter seguido à risca a declaração do vocalista, como fica claro ao ouvir Ginkgo. Na faixa que dá nome ao álbum, é possível perceber traços daquela melancolia harmônica presente em D>E>A>T>H>M>E>T>A>L, mas agora com um arranjo muito mais voltado ao dream-pop, em contraste com o shoegaze mais marcante no primeiro EP.
Panchiko tem um caminho já traçado e números que só crescem — altos para uma banda independente. Eles mostraram que nunca é tarde para voltar ao mundo da música, principalmente com a ajuda da internet.
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