29 de mai 2025
Rubel volta às raízes em novo álbum
Novo disco apresenta o retorno do artista à sensação intimista de seus primeiros projetos
Rubel volta às plataformas de música dois anos após seu último lançamento - Foto: Pedro Menezes/Portal Tela
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Nesta quarta (28), Rubel lançou seu quarto disco, “Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?”, que conta com 9 faixas, incluindo regravações de outras músicas, inclusive em inglês. O Portal Tela teve o prazer de experienciar uma audição do álbum em primeira mão no Cine Marquise e ouvir um pouco sobre os pensamentos do músico acerca de seu lançamento.
O ÁLBUM
Depois de lançar "As palavras vol. 1 & 2” (2023), o artista voltou às suas raízes mais intimistas de “Pearl” (2013), com uma melodia focada na voz e violão, acompanhado de elementos orquestrais que reforçam as emoções tanto no vocal, quanto nas letras reflexivas.
O título “Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso?” se destaca dos anteriores mais curtos e breves de sua discografia, mas traz uma emoção tão grande quanto. “O título me remete ao literário: ele te joga dentro de um diálogo, de uma ação, e cada pessoa pode criar o contexto que quiser imaginar para essa frase. Beleza. Mas agora a gente faz o que com isso? Isso é o que? Isso pode ser tudo”, relatou o músico.
O disco começa com “Feiticeiro Gozador”, que nos traz de volta para os primeiros trabalhos do compositor fluminense, não só no familiar instrumental lento e voz calma, mas também nas letras mais introspectivas, que, no caso da faixa, abre as portas para os tema de vida, morte, espiritualidade e amor que são retratados ao decorrer do álbum.
Após passar pela porta de entrada para o passado, Rubel apresenta uma regravação em português de "A La Ventana Carolina", do cantor mexicano El David Aguilar. O autor traz o mesmo tom das outras músicas, apresentando uma serenidade que ecoa não só pelos ouvidos, mas também pelo coração, enquanto se mantém fiel ao trabalho original do músico latino-americano.
A próxima faixa se introduz com palavras de saudade, sempre presentes no trabalho do músico. Em “Ouro”, o sentimento agora é evidenciado com lembranças de um personagem à beira de sua sacada, que reflete sobre seu passado, e logo depois, transforma essa saudade em uma bela mensagem, direcionada a uma outra pessoa querida, que transforma tudo em algo precioso, junto das notas que vibram pelo leve violão.
Em seguida, a dedicatória para os românticos da vez está em "Azul Bebê", cor do biquíni destacado nessa ode ao amor, outro tema recorrente nas letras de Rubel. O instrumental feito juntamente de um beat que envolve baixo, bateria e piano, levanta a sonoridade do álbum.
Indo de amor para reflexões, “Pergunte ao Tempo” mostra um tom mais melancólico e pensativo, que indaga questões sobre vida, onde quase que de forma irônica, o cantor reforça a cada pergunta, não querer incomodar ou se mostrar afobado em meio aos inúmeros pensamentos, que são expostos para a própria persona do tempo.
“Noite de Réveillon” traz, além de um som intimista, composição lírica misturada com roteiro de filme, onde os personagens da canção refletem sobre a virada de ano, a esperança, a felicidade e a melancolia, de um evento tão simbólico para os seres humanos.
“Carta a Maria” traz na sua sonoridade, elementos do samba, e evidencia um amadurecimento musical após o último álbum do artista, que transita entre tantos gêneros e explora um canto de cada vertente da música brasileira. O ouvinte é colocado na visão de uma mulher, liberta e confiante.
“Praticar a teimosia” finaliza a leva das músicas na língua portuguesa, e traz à tona temas de vida, morte, anseios, dentro do cenário de uma gravidez. Mudança de vida, uma profissão dos sonhos sendo deixada de lado e a necessidade de prover o necessário, são alguns dos problemas enfrentados pelo eu-lírico.
Seguindo a mesma linha melódica das outras faixas, combinada à atmosfera etérea da canção original, “Reckoner”, da banda de rock alternativo Radiohead, é regravada com arranjos acústicos, elementos orquestrais, e um vocal delicado e de dar inveja a Thom Yorke. A música é uma jornada de emoções tão intensa quanto a original e finaliza o disco com chave de ouro.
O CURTA-METRAGEM
O álbum veio acompanhado de um curta-metragem, dirigido por Larissa Zaidan, apresentando as músicas “Ouro” e “Reckoner”, respectivamente. O curta, todo gravado em 35mm, apresenta um ambiente tão intimista e introspectivo quanto o disco, captando sua emoção de forma nua e crua.
O projeto audiovisual explora alguns núcleos-personagens, que por acaso, acabam se trombando, e junto disso, experienciam emoções humanas, desde alegria à tristeza, na família ou em uma paixão, com destaque para a troca de faixas, que é marcada por cenas melancólicas carregadas por uma forte chuva.
DECLARAÇÕES
Após o fim da exibição, Rubel falou um pouco sobre suas motivações do álbum. Ele revelou que muito de sua inspiração veio como se ele removesse a tampa do seu inconsciente e puxasse tudo que tem de lá, fora de seu ego. Frases de infância ou perdidas há muito tempo no meio de pensamentos, foram uma parte essencial de seu trabalho, que trouxe essas palavras que estavam paradas em sua mente.
Ele retratou que isso tudo foi um experimento, não só artístico, mas também emocional, quase como um filme de sua própria vida, que ele mesmo relata não saber o que o disco é exatamente, e também não quer saber, pois esse é o charme do álbum, uma confiança em não precisar calcular minuciosamente cada direção para onde levar o projeto.
"Beleza. Mas agora o que a gente faz com que isso?" trouxe Rubel de volta para um local familiar, não só para ele, mas para os fãs, principalmente os mais saudosistas. Seu quarto disco evidencia essa sensação presente em outras de suas obras, mas agora, com um cantor mais experiente e sempre com muito sentimentalismo.
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