30 de mai 2025

A ascensão das mídias físicas no mundo da música
Em meio à praticidade digital, cresce a busca por álbuns que podem ser tocados, vistos e guardados
Foto:Reprodução
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Com o avanço da tecnologia, o ato de escutar música se tornou cada vez mais fácil e rápido graças aos serviços de streaming, porém, nos últimos anos, as mídias físicas no meio musical se tornaram uma febre, atraindo mais colecionadores e trazendo os fãs para perto das prateleiras de vinis e CDs espalhados mundo afora. Uma pesquisa realizada pelo instituto Pró-Música Brasil relatou que mais de 16 milhões de reais em discos de vinil foram vendidos em 2024, mas o que trouxe de volta essa antiga forma de consumir arte para o coração das pessoas?
O amor nas mídias físicas
Uma parte dos motivos das pessoas estarem usufruindo desses objetos está muito relacionado ao sentimento, seja na hora de realizar o ritual de preparo para escutar um vinil, ou em achar um CD do seu álbum favorito em uma loja de música, sentimentos esses totalmente anulados pelo meio digital.
A experiência proporcionada pelas mídias físicas vão muito além de apenas escutar música como é feito comumente nos fones de ouvido, ela se torna algo único que é apreciado de forma tátil e visual. O ato de pegar escolher um vinil em uma prateleira, olhar para sua capa, colocá-lo cuidadosamente em seu aparelho de som, e escutar a música enquanto folheia o livreto que contém a identidade visual de um álbum – ou algumas vezes até as letras – transforma totalmente o simples ato de escutar música, em algo único e mais prazeroso, criando uma conexão maior entre o ouvinte e a música, algo que não se vê tão presente na rapidez dos streamings de música.
Outro ponto ligado ao sentimentalismo envolve não exatamente o formato de mídia em si, mas o artista ou álbum por trás dela. Adquirir algo físico de seu álbum favorito ou de um artista do qual é apaixonado também é uma forma de mostrar o seu carinho por aquela peça de arte, talvez para deixar em exposição na sua casa, ou apenas pelo sentimento de poder ter um “algo a mais”, quase como uma declaração de amor, a algo que reverbera constantemente em seu coração.
A relação com o mundo digital
Alguns dos outros motivos estão diretamente relacionados ao mundo digitalizado que vivemos hoje em dia, que transformaram muito a forma com que consumimos arte, e a música não fica por fora disso.
Quando falamos de musicalidade na era digital, é impossível não pensar nos serviços de streaming que vêm dominando o mercado. Eles oferecem rapidez e praticidade — geralmente mediante o pagamento de planos premium — para quem deseja ouvir suas músicas favoritas. No entanto, no ambiente digital, não há garantia de posse permanente, mesmo quando se paga pelo acesso, já que a empresa pode remover conteúdos da plataforma a qualquer momento.
Um exemplo foi o álbum Toxicity, da banda System of a Down, que foi retirado do Spotify de forma inesperada neste ano e retornou alguns dias depois. Isso mostra que, mesmo pagando, não há como ter certeza que suas músicas estarão sempre disponíveis.
O mesmo não ocorre com mídias físicas, quando você compra um CD ou vinil, aquilo é definitivamente seu, nenhuma empresa pode impedi-lo de reproduzir as músicas que você adquiriu. É uma garantia que as faixas que você mais gosta, ou que simplesmente admira, estarão com você, sem interferências de empresas no meio.
Outro ponto atrelado a tecnologia, é o fato de que escutar algo em mídia física te desacelera do mundo virtual predatório. Atualmente, as tecnologias focam cada vez mais em te entregar dopamina de forma rápida, com vídeos curtos, feeds incluindo diversas postagens, e tudo que faz nosso corpo querer esse prazer de forma instantânea. Os streamings colaboraram com isso, já que é fácil para você transitar entre várias músicas, acelerá-las ou ir para uma minutagem específica.
Com as mídias físicas, o caso é diferente, elas forçam você a desacelerar do mundo moderno e parar para apreciá-las. Tirar o vinil de sua embalagem inseri-lo em seu tocador, e após escutar, retirar e guardá-lo, exige tempo, não é instantâneo – como tudo no mundo virtual de hoje – e ajuda a experienciar a música de uma outra maneira, além de desintoxicar um pouco o cérebro com a rápida inda e vinda de informações em pixels.
Mas isso não necessariamente significa que os streamings são ruins. Eles possibilitam que a música alcance diversas pessoas, além de proporcionar uma experiência mais prática, que acaba sendo essencial nos dias de hoje, por exemplo, na hora de escutar uma música voltando de seu trabalho. As mídias físicas e os streamings apenas servem propósitos diferentes, mas trabalham para o mesmo lado: o da arte.
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