07 de jul 2025

México domina mercado musical global, mas mulheres ainda são invisíveis
Indústria musical no México enfrenta desigualdade de gênero, com apenas 22% de mulheres em festivais e todas as 10 músicas mais ouvidas sendo de artistas masculinos.

Kenia Os em Los Angeles, Califórnia, no dia 23 de novembro de 2024. (Foto: Chelsea Guglielmino/Getty Images)
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O México se consolidou como um dos 10 principais mercados musicais globais em 2024, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI). Este avanço reflete um aumento significativo nos lucros da música gravada, especialmente no gênero regional mexicano. Contudo, essa ascensão traz à tona questões sobre a desigualdade de gênero na indústria musical.
Em um cenário onde todas as 10 músicas mais reproduzidas no país são de artistas masculinos, a presença feminina se mostra alarmantemente escassa. Apesar de Kenia Os ter se destacado como a cantora mais ouvida no Spotify México, ela não conseguiu entrar no top 10. A análise da Associação Mexicana de Produtores de Fonogramas e Videogramas (Amprofon) revela que, embora mulheres atuem como compositoras e produtoras, sua representação é mínima.
Desigualdade de Gênero
A pesquisa realizada por Karina Cabrera, comunicóloga e feminista, sobre a brecha de gênero em festivais mexicanos, mostrou que apenas 22% dos atos anunciados em 71 festivais tinham mulheres à frente. Desses, apenas 0,8% foram cabeças de cartel. Cabrera aponta que a formação do público e a atuação das gravadoras influenciam essa disparidade, questionando a visibilidade das mulheres nos cartazes.
Elis Paprika, artista e ativista, destaca que a indústria musical ainda é dominada por padrões históricos, perpetuados por lideranças conservadoras. Ela critica a superficialidade das ações em datas comemorativas, como o 8 de março, e defende que a visibilidade das mulheres deve ser uma prioridade constante.
Iniciativas Femininas
Apesar dos desafios, mulheres no México têm buscado alternativas para se inserir na música. Coletivos, selos independentes e festivais autogestionados têm surgido como formas de resistência e empoderamento. Elis Paprika menciona a criação da Now Girls Rule, que promove o desenvolvimento de artistas femininas e organiza eventos como o Festival Hera, com um cartel 100% feminino.
Cabrera observa que muitas mulheres estão optando por não entrar na indústria tradicional, mas sim por criar espaços próprios. Essa nova dinâmica pode ser uma resposta à exclusão, com festivais autogestionados e redes de apoio se expandindo pelo país.
A ascensão do México como um mercado musical relevante é celebrada, mas também levanta questões cruciais sobre a representatividade feminina. A indústria, embora em crescimento, ainda deve enfrentar sua dívida com as mulheres que a compõem.
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