NIH suspende financiamento a pesquisas internacionais e afeta projetos globais de saúde

Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos congelaram pagamentos a grupos de pesquisa no exterior, afetando projetos de bilhões de dólares em áreas como câncer e genética. A decisão, anunciada recentemente, foi justificada pela falta de transparência no uso dos fundos e pela suposta ameaça à segurança nacional.

O NIH, principal agência de pesquisa biomédica do país, não revelou quantos projetos serão impactados ou o valor total dos cortes, mas estima-se que os valores possam chegar a R$ 500 milhões anuais. A medida afeta colaborações anteriores com instituições, especialmente na China, onde se destaca o laboratório de Virologia de Wuhan, associado a teorias sobre a origem do coronavírus.

O novo diretor do NIH, Jay Bhattacharya, defendeu a suspensão como parte de um esforço mais amplo de cortes em pesquisa científica. A partir de agora, grupos de pesquisa estrangeiros precisarão firmar contratos diretamente com o NIH, ao invés de fazê-lo por meio de pesquisadores americanos. Essa mudança gera incertezas sobre o futuro de projetos em andamento, como os que estudam a imunidade ao HIV e curas para a AIDS.

Impacto nas Colaborações

Cientistas afetados expressam preocupação com a falta de clareza nas novas regras. Javier Martínez-Picado, virólogo do centro de pesquisa IrsiCaixa, afirmou que seu projeto está paralisado, apesar de ter passado na avaliação técnica. Ele criticou as novas normas, considerando-as um retrocesso para a pesquisa internacional.

Roderic Guigó, do Centro de Regulamentação Genômica, também alertou que a medida pode ser desastrosa. Ele recebe financiamento do NIH desde dois mil e três e teme que a nova política comprometa a continuidade de projetos essenciais, como o Gencode, que mapeia o genoma humano.

Repercussões na Comunidade Científica

A situação é alarmante para muitos pesquisadores, que dependem do financiamento americano. Marta Melé, do Centro de Supercomputação de Barcelona, destacou que a incerteza sobre a continuidade do financiamento pode levar à perda de talentos. A nova política é parte de um contexto mais amplo de cortes em pesquisa, com propostas que incluem uma redução de 40% no orçamento do NIH para dois mil e vinte e seis.

Além disso, a Fundação Nacional para a Ciência pode sofrer um corte de 56%, e o Centro para Controle de Doenças, quase 50%. As novas diretrizes ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso, onde a resistência a cortes em programas essenciais pode influenciar o resultado final.