Especialistas alertam sobre interação entre Ozempic, Mounjaro e anticoncepcionais

A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA) emitiu um alerta sobre os medicamentos Ozempic e Mounjaro, indicando que eles podem comprometer a eficácia de contraceptivos hormonais. O aviso surgiu após mais de 40 mulheres britânicas relatarem gestações não planejadas enquanto utilizavam esses medicamentos em conjunto com anticoncepcionais.

Os medicamentos, que contêm semaglutida e tirzepatida, foram inicialmente desenvolvidos para o tratamento do diabetes tipo 2, mas também são prescritos para perda de peso. Ambos os fármacos podem atrasar o esvaziamento gástrico, o que levanta preocupações sobre a absorção de outros medicamentos, incluindo os contraceptivos hormonais.

Efeitos na Absorção

A endocrinologista Lenita Zajdenverg, Coordenadora do Departamento de Diabetes na Gestação da Sociedade Brasileira de Diabetes, explicou que, embora a semaglutida cause um retardo na absorção dos anticoncepcionais, a eficácia contraceptiva geralmente não é afetada, exceto em casos de vômitos. Em contrapartida, a tirzepatida demonstrou um atraso mais significativo na absorção de medicamentos, o que pode alterar a eficácia dos contraceptivos orais.

As bulas dos medicamentos já incluem advertências sobre essa interação, mas muitas pessoas podem não estar cientes. A médica recomenda que mulheres que iniciam o tratamento com tirzepatida utilizem métodos contraceptivos adicionais, especialmente durante o período de ajuste de dosagem.

Recomendações para Mulheres

Para mulheres que já estão em tratamento estável com Mounjaro, a segurança é maior após um mês na mesma dose sem sintomas de náusea ou vômito. Em caso de gravidez, o uso do Mounjaro é contraindicado, pois estudos em modelos animais indicaram alterações fetais, embora a segurança em humanos ainda não esteja comprovada.

Mulheres que planejam engravidar devem interromper o uso da tirzepatida pelo menos dois meses antes de tentar a concepção, devido ao tempo que o medicamento permanece no organismo. A orientação é clara: a segurança deve ser priorizada para evitar riscos à saúde da mãe e do bebê.