Javier Milei provoca reações negativas entre evangélicos após discurso em igreja

O presidente argentino Javier Milei inaugurou o Portal del Cielo, um novo templo da Igreja Cristã Internacional no Chaco, que pode acomodar mais de 10.000 pessoas. A construção, que levou uma década, foi totalmente financiada em dinheiro e inspirada por uma profecia recebida pelo pastor Jorge Ledesma há 17 anos. O evento fez parte do Congresso Mundial da Invasão do Amor de Deus, que reuniu líderes cristãos por dois dias.

Os ingressos para o evento variaram de 30.000 pesos argentinos a 100.000 dólares, com os mais baratos esgotando rapidamente. Em resposta à magnitude do evento, a segurança local mobilizou 120 policiais. Fundada em 1994, a Igreja Cristã Internacional cresceu para 50.000 membros ativos e 166 congregações em 66 países, com 45.000 fiéis na Argentina.

Milei, o primeiro presidente a discursar em uma igreja evangélica, fez uma defesa contundente dos valores cristãos, criticando a esquerda e suas políticas. Ele afirmou que os valores judaico-cristãos são fundamentais para o progresso e que a ideologia de esquerda é um "vírus" que gera ódio e ressentimento. O presidente também se referiu ao Estado como um conceito "diabólico", citando passagens bíblicas para justificar sua visão.

Reações e Críticas

A participação de Milei gerou polêmica entre líderes evangélicos. O pastor Norberto Saracco, da igreja Buenas Nuevas, criticou o uso do púlpito para um discurso político, considerando-o um ato partidário. Ele destacou que, historicamente, outros grupos religiosos mantêm um respeito maior por seus espaços sagrados.

O pastor Walter Ghione também expressou preocupação, afirmando que a visão de Milei sobre o Estado contradiz a teologia cristã. Ele ressaltou que a verdadeira justiça social, que não deve ser confundida com ideologia marxista, é um princípio cristão que busca dignidade e solidariedade.

Além disso, o pastor Jorge Fernández, radicado na Espanha, lamentou a entrega do púlpito a um político, mesmo que democraticamente eleito. Ele lembrou que a história evangélica na América Latina deve ser cautelosa com a política, citando experiências passadas com líderes autoritários.